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Tami Bhavani

Tami Bhavani é sexóloga somática) e terapeuta tântrica. Tem como foco ajudar pessoas a sentirem mais prazer na vida, desenvolverem amor próprio e cultivarem relacionamentos saudáveis e duradouros.

MUITO PRAZER

Cross-dressing e o fetiche por lingerie

Vestir peças delicadas, rendadas ou sensuais pode despertar no homem um misto de empoderamento e vulnerabilidade

Por Tami Bhavani
Publicado em 09 de maio de 2025 | 06:00

Olá, meus seres orgásticos! Hoje vamos conversar sobre um fetiche que quebra muitos paradigmas: homens heterossexuais que sentem prazer em vestir lingerie feminina. Talvez isso soe surpreendente para alguns, mas esse universo é mais comum e rico do que se imagina, e merece ser explorado sem julgamentos.

Vestir peças delicadas, rendadas ou sensuais pode despertar no homem um misto de empoderamento e vulnerabilidade. A suavidade da seda, o toque do rendado contra a pele, o simples ato de se olhar no espelho com uma lingerie fina pode liberar endorfinas e ajudar a transcender a rotina, criando um ritual de prazer íntimo. Psicologicamente, para alguns isso funciona como uma forma de escapismo ou de reconexão com partes de si mesmos que ficaram adormecidas, expandindo o conceito de sensualidade além dos papéis tradicionais de gênero.

Mas será que há um “transtorno” ligado a essa prática? No Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM–5), não existe um diagnóstico específico para o desejo de cross-dressing (vestir roupas do gênero oposto) quando isso não causa sofrimento clínico ou prejuízo significativo no convívio social. Ou seja, vestir lingerie por prazer não é uma patologia. Torna-se um transtorno apenas se estiver associado a intenso sofrimento, culpa ou impacto negativo substancial no trabalho e nos relacionamentos.

Para o homem que se identifica como heterossexual, essa fantasia pode, a princípio, gerar dúvidas sobre sua orientação. É comum que ele experimente um conflito interno: “Será que isso me faz bissexual?” Na verdade, o fetiche de vestir lingerie pode conviver perfeitamente com a heterossexualidade. A atração por roupas refinadas é uma questão de estímulo visual e tátil, não necessariamente de atração por pessoas do mesmo sexo. Alguns homens descobrem que esse prazer não altera sua orientação, mas enriquece sua vida sexual, aumentando a autoconfiança e estreitando a conexão com sua parceira.

Em relacionamentos, é fundamental trazer esse assunto à tona com cuidado e afeto. Quando bem comunicado, o fetiche pode se tornar um elemento de cumplicidade, permitindo que o casal experimente juntos novas formas de sedução: quem disse que lingerie é só para ela? Para muitos, ver o parceiro usando peças íntimas femininas é um convite para explorar a fantasia de dominar ou mimar o outro de modo inusitado, derrubando fronteiras e ampliando a confiança.

Entretanto, há beiradas que merecem atenção. Se o uso da lingerie virar um comportamento compulsivo — se a pessoa se sentir incapaz de controlar esse desejo, se ar a se isolar para praticá-lo ou sentir culpa intensa —, é hora de buscar apoio profissional. Um psicólogo ou terapeuta sexual pode ajudar a compreender as motivações profundas e integrar esse aspecto à vida de forma saudável.

No fim, alimentar um fetiche de cross-dressing como lingerie não precisa ser um tabu. É apenas mais uma estrada na grande auto­estrada do prazer humano. Portanto, encorajo você a conversar, a descobrir e a brincar com sua sensualidade sem medo de ser quem você é. Cada laço de renda, cada costura delicada pode revelar um novo aspecto seu, um espaço para criar prazer em territórios ainda inexplorados.

Até a próxima coluna, continue explorando seus desejos com curiosidade, respeito e muito amor-próprio!