O medicamento encontrado por médicos legistas no corpo do menino Bernardo, 11, é o mesmo adotado recentemente por autoridades norte-americanas do Estado de Oklahoma para executar pessoas condenadas à morte. O midazolam é um poderoso sedativo aplicado em pacientes em procedimentos médicos como cirurgias.
 

O remédio é tão forte que, na noite de terça-feira, provocou sérias reações em um preso de 38 anos no momento de sua execução, em uma prisão do Estado norte-americano. Condenado à morte pelo assassinato de uma jovem de 19 anos em 1999, Clayton Lockett, agonizou e se contorceu por 30 minutos antes de morrer de um ataque cardíaco – normalmente, as injeções letais matam na hora.

A situação de Lockett foi tão dramática que a execução de outro preso que ocorreria na sequência foi adiada por 30 dias. Foi a primeira vez que o medicamento foi usado como injeção letal em Oklahoma.

O clínico geral Telmo Diniz explica que o midazolam pertence à classe dos benzodiazepínicos. Conhecido comercialmente como Dormonid, é parente do diazepan e do lorazepam, medicações muito conhecidas para induzir o sono de forma rápida.

Segundo o médico, o midazolam precisa ser utilizado em dose pequena, diluído em água destilada e aplicado de forma devagar. “Se aplicado rapidamente e sem diluição, uma das complicações é a depressão do centro respiratório no cérebro, provocando parada respiratória e morte”, diz.

Telmo Diniz diz que é possível que Bernardo, encontrado morto no dia 14 de abril no Rio Grande do Sul, tenha sido vítima da substância, até por ser uma criança, teoricamente menos resistente. O clínico diz que o midazolam é muito pouco indica para uso contínuo. “É muito comum antes de cirurgias, para induzir o sono rápido, porque provoca amnésia retrógrada (o paciente não se lembra de nada)” .

A polícia acredita que Bernardo foi assassinado com uma injeção letal pela madrasta, uma amiga e o pai dele, o médico Leandro Boldrini, 38.