-
Mulher que abandonou recém-nascido em caixa de papelão é encontrada e diz que não sabia da gravidez
-
Empregada agredida pelo patrão após recusar mentir para oficial de Justiça será indenizada
-
Cidades - Últimas notícias de Belo Horizonte e Minas Gerais
-
Dívida de R$ 1,45 milhão entra na recuperação judicial do Cruzeiro após decisão da Justiça
-
'Só parou de abusar de mim porque não conseguia mais ter ereção'
Após 7 meses de obra, PBH deixa avenida com buracos e pedras soltas na Pampulha
Segundo associação do bairro Bandeirantes, manutenção do trecho de cerca de 500 metros teve início em maio, mas deixou só poeira, lama e risco de acidentes
Pedras de todos os tamanhos espalhadas sobre a via, pista totalmente irregular, repleta de buracos e coberta por muita areia e pó. Esta é a situação encontrada pela reportagem de O TEMPO nesta sexta-feira (22 de novembro) na avenida Novara, uma das mais movimentadas do bairro Bandeirantes, na região da Pampulha. O trecho, que tem pouco mais de 500 metros e fica entre a praça Toscana e a badalada avenida Fleming, está assim mesmo após cerca de sete meses de obras da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).
A avenida, que tem grande fluxo de veículos - parte deles em alta velocidade-, é coberta pela chamada alvenaria poliédrica, revestimento caracterizado por pedras que são assentadas manualmente sobre areia. Paula Lisboa, de 64 anos, vice-presidente da Associação Pró-Interesses do Bairro Bandeirantes (APIBB), explica que esse tipo de pavimentação não pode ser trocado pelo asfalto por se tratar de via da Pampulha, região tombada pelo Patrimônio Público municipal, estadual e federal, e, também, pela Unesco, como Patrimônio Cultural da Humanidade.
“A informação que obtivemos da Regional Pampulha é que deverá permanecer desta forma (alvenaria poliédrica). Com isso, nós solicitamos a manutenção da avenida Novara, que estava em estado crítico, mas, até hoje, estes três quarteirões estão com péssima qualidade, causando poeira e indignação dos moradores que ali transitam”, disse a vice-presidente da associação, que vive há 50 anos no bairro.
Outro ponto que está sendo questionado pela entidade é com relação à aprovação de um grande empreendimento imobiliário no local, com 240 apartamentos, o que deverá aumentar ainda mais o fluxo de veículos na avenida. “Nós continuamos convivendo com essa situação, já fizemos várias reclamações e, enquanto isso, a prefeitura aprovou esse empreendimento de grande porte. Se a prefeitura não consegue sequer dar manutenção na via, como licencia um empreendimento deste tamanho no bairro?”, indaga.
A assessoria de imprensa da PBH foi procurada por O TEMPO, mas, até a publicação da reportagem, ainda não tinha se manifestado sobre a obra que se arrasta há sete meses.
A obra
Conforme a APIBB, no dia 3 de maio deste ano tiveram início as intervenções municipais de recuperação do trecho, que, até o início de 2024, estava repleto de “remendos” de asfalto feitos em operações tapa-buraco. Porém, em agosto, a obra teria sido encerrada antes mesmo de ser concluída.
A reportagem teve o a um e-mail enviado pela Regional Pampulha da PBH, em agosto deste ano, como resposta à reivindicação dos moradores acerca da manutenção do trecho da avenida. No documento, o município afirma que a empresa contratada para o serviço “não conseguiu concluir” e que o contrato foi “finalizado”. “Em função disso, a Gerência de Manutenção Pampulha iniciou no dia 29/08/2024 as intervenções no local dando prosseguimento na recuperação do calçamento poliédrico”, completou a prefeitura na resposta.
Entretanto, bastaram as primeiras chuvas do período chuvoso deste ano para o pequeno trecho finalizado da obra ter pedras arrancadas e areia espalhada pela correnteza que desceu a via, deixando para trás uma avenida completamente irregular e suja.
Risco para a população
Morador do Bandeirantes há 4 anos, o advogado Rayan Almeida, de 32 anos, conta que a rua era muito bonita e arborizada, sendo ótima para idosos e crianças caminharem. Porém, nos últimos meses, a obra acabou forçando cuidadoras, babás e pais a evitarem os eios, por conta da irregularidade e sujeira da via, além, é claro, do risco de acidentes deixado pela obra inacabada.
“Quando chove, a terra desce da rua e, quando vamos entrar na garagem, acaba sujando tudo. Já no período mais seco, a poeira toma conta das casas, o que é péssimo para mim, que estou com um bebê pequeno. O vizinho aqui de casa tem Alzheimer e sempre eava pela rua aqui, mas não pode mais pelo risco de cair, por causa das pedras soltas, areia, sujeira”, reclama o morador.
Ainda conforme o advogado, antes da obra, as pedras eram bem fixadas, mas, agora, o risco está grande para veículos e pedestres que am pelo local. “Um vizinho que estava subindo de bicicleta contou que um carro ou em alta velocidade e lançou uma das pedras que quase acertou nele. É um perigo para os moradores, para os carros. Outro dia um segurança estava subindo de moto e furou o pneu nas pedras. E isso porque fizeram duas vezes o trabalho e deixaram pior do que estava, é inacreditável o desperdício de dinheiro público”, completa Almeida.