LAVAGEM PERFEITA

‘Polo de falsificação’ de sabão em pó, MG tem 140 toneladas de produto apreendidas em um ano

Operação mais recente encontrou 21 toneladas de produtos embalados em um galpão em São Joaquim de Bicas, na Grande BH

Por Gabriel Rezende
Atualizado em 23 de maio de 2025 | 17:12

Minas Gerais soma 140 toneladas de sabão em pó falsificado apreendidas em um ano de investigação. A carga mais recente, de 21 toneladas, foi localizada nessa quinta-feira (22 de maio) em um galpão clandestino em São Joaquim de Bicas, na região metropolitana de Belo Horizonte, durante a terceira fase da operação “Lavagem Perfeita”, que apura a falsificação de produtos saneantes no Estado.

Dezenove pessoas foram indiciadas durante a apuração, que identificou uma organização criminosa especializada nesse tipo de crime. Segundo o delegado Magno Machado, da 1ª Delegacia Especializada de Investigação de Fraudes (DECCOF), os produtos apreendidos nessa quinta estavam prontos para serem colocados no mercado e continham excesso de sal, em desacordo com as especificações do fabricante.

Além de ineficazes, os produtos falsificados podem causar reações adversas, como alergias, irritações e infecções de pele, e também geram prejuízo financeiro para a indústria. “Grande parte dessa mercadoria foi retirada antes de chegar ao consumidor. No entanto, há indícios de que parte já tenha sido comercializada, principalmente por supermercados de pequeno porte”, disse o delegado.

Ainda segundo ele, embora comerciantes possam ser responsabilizados criminalmente, a prioridade da polícia é combater a origem do crime. “É mais eficaz fechar as fábricas do que fiscalizar supermercado por supermercado, especialmente considerando o nível de sofisticação da falsificação, que se dá até nas embalagens”, explicou.

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Polo de falsificação

De acordo com a investigação, a própria fabricante original dos produtos apontou o Estado como polo de falsificação de sabão em pó do país. A malha rodoviária ajuda a explicar o motivo das organizações criminosas escolherem Minas para atuar. “Grande parte do material falsificado vem da Bahia e é envasada em municípios da Grande BH, como Igarapé e São Joaquim de Bicas”, afirmou o delegado.

As falsificações utilizam embalagens visualmente idênticas às originais, o que dificulta a identificação do crime por consumidores e comerciantes. A Polícia Civil já realizou apreensões em pontos de venda, mas afirma que o foco atual é interromper a produção ilegal na origem.

Penas

Os investigados foram indiciados por falsificação de produtos saneantes, crimes contra a saúde pública e organização criminosa. A infração está prevista no artigo 273 do Código Penal, com pena de 10 a 15 anos de reclusão — mesma faixa de punição aplicada a casos de tráfico de drogas.