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Parada do Orgulho LGBTQIA+ será em dois dias e promete fazer BH 'pulsar em diversidade'
O evento será realizado nos dias 19 e 20 de julho; programação terá atrações nacionais
Celebrar a diversidade em ritmos e cores vibrantes: essa é a proposta da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Belo Horizonte, que chega à sua 26ª edição em 2025. O evento será realizado no dia 20 de julho, no cruzamento das avenidas Brasil e Afonso Pena, na região Centro-Sul da capital. A programação deste ano inclui ainda o Festival Fuzuê, marcado para o dia anterior à parada (19 de julho), no Parque Municipal Américo Renné Giannetti. Uma atração nacional, cujo nome ainda não foi divulgado pelos organizadores, será uma das novidades.
"Esse é o maior evento político de Minas Gerais, com manifestações culturais, empoderamento e inclusão. É uma manifestação em prol de direitos, da apresentação de demandas, um chamado à organização social", afirma Maicon Chaves, presidente do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (CELLOS/MG), responsável pela organização do evento.
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A expectativa é reunir cerca de 350 mil pessoas, movimentando aproximadamente R$ 20 milhões em um único final de semana. Para a realização do evento, serão investidos R$ 400 mil — sendo R$ 350 mil da Prefeitura de Belo Horizonte e outros R$ 50 mil provenientes de emenda parlamentar do vereador Pedro Patrus, do Partido dos Trabalhadores (PT). Os recursos para cobrir as demais despesas serão captados pelo CELLOS/MG.
"Ainda é um valor muito pequeno diante do gigantismo que é o evento. Hoje, não dá para juntar uma turma e combinar de se encontrar para fazer a Parada acontecer. São 350 mil pessoas, e eu preciso me preocupar com a cidade, colocar gradis para proteger o patrimônio", avalia Chaves.
A expectativa do CELLOS/MG é de que a Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Belo Horizonte cresça ainda mais nos próximos anos, assim como ocorreu com o Carnaval na última década. Para isso, a organização tem investido em infraestrutura e atrações. No ano ado, o evento contou com um palco 360°. A edição deste ano terá dois palcos no Festival Fuzuê, trios elétricos e diversas atrações.
"O que posso dizer é que, no cenário nacional, a Parada de BH tem ganhado muito mais visibilidade do que outras que, em algum momento, foram mais tradicionais e maiores, como a do Rio de Janeiro", comenta. O evento, que pela primeira vez terá dois dias de programação, será gratuito e aberto à população.
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Pergunta: Além de ser uma celebração, a Parada do Orgulho LGBTQIA+ tem em sua essência algumas questões sociais. Esse é, inclusive, o motivo do movimento, certo?
Maicon Chaves: Nesses 26 anos, o que posso dizer é que nós mobilizamos muitas políticas públicas em Minas Gerais. Tematizar a violência na Parada e, depois, definir quais ações adotar foi fundamental para a gente. A partir da Parada, por exemplo, fizemos ações relacionadas ao casamento igualitário. As paradas dialogam com toda a conjuntura, e, a partir delas, fomos articulando respostas. Ali (na Parada), apareceu que a gente queria se casar — e não apenas por amor, mas por direito civil. Nós não queremos que nos matem; queremos que tenham cuidado com as travestis. Por isso, a Parada é tão importante.
Pergunta: O prefeito Álvaro Damião já confirmou presença na Parada do Orgulho LGBTQIA+ deste ano?
Maicon Chaves: Quero registrar a memória do prefeito Fuad Noman, que foi um querido. Tivemos muitas divergências políticas, mas ele sempre foi muito atencioso conosco. Já tivemos uma reunião com o prefeito Álvaro Damião e com os secretários de Governo, e ele confirmou participação nos dois dias. Disse que vai estar no trio elétrico. O (Alexandre) Kalil foi o primeiro a subir no palco; Álvaro será o primeiro prefeito no trio. Ele confirmou presença e disse que vai com disposição para pensar ainda mais nas políticas LGBTQIA+ na cidade.
Pergunta: Ainda em relação ao poder público, você acredita que as políticas adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, têm impactado outros países nas questões de diversidade?
Maicon Chaves: Não tem como falar só de políticas locais. Estamos internacionalizados, e isso eu falo com propriedade. O Trump é uma pessoa ruim, que faz mal aos outros. Agora, uma coisa é ele ser uma pessoa ruim. Outra é ele ser o chefe de Estado do país com mais influência no mundo. Usar desse poder é uma covardia. As empresas americanas que estão no Brasil, embora tenham que seguir nosso roteiro, apresentam resistência quando o assunto é diversidade. A gente sabe disso. O retorno do Trump é um grande problema internacional. O que ele faz agora é sem o menor pudor humanitário — a o trator. Eu comecei a ter um pouco mais de esperança quando a Igreja Católica elegeu o Papa Leão XIV, que é um americano anti-Trump.
Pergunta: O último levantamento do Observatório Nacional dos Direitos Humanos aponta que as principais vítimas de agressão em função da orientação sexual ou identidade de gênero são as pessoas transexuais ou travestis — com quase 40% dos casos registrados. A violência física é a mais recorrente, seguida pela psicológica. É um tipo de violência que muitos ainda não conseguem identificar, certo?
Maicon Chaves: Nem todo mundo da população LGBTQIA+ é professor ou quer ser. A gente ensina porque é companheiro, mas ficar corrigindo o tempo todo "é um saco". Existe uma falta de interesse social diante desses equívocos que vão acontecendo. É na educação que as pessoas precisam aprender. Se a gente começa a abrir espaços, colocando essa população em políticas que não sejam apenas voltadas para o próprio grupo, as pessoas começam a entender. Na escola tem que ter, na saúde, na cultura. É como a saúde da mulher, por exemplo. Nós falamos disso desde a escola, e é assim que a gente diminui o índice de erros — que, na verdade, são questões estruturais. O que a gente chama de “erro” é LGBTQIAPN+fobia.