O elevador da plataforma AB da estação de ônibus São Gabriel, na região nordeste de Belo Horizonte, ficou dias em manutenção. A escada rolante da plataforma EF, do mesmo terminal, voltou a funcionar nesta semana, depois de apresentar defeitos e também ficar dias parada. Apesar de nesta quarta-feira (4), a reportagem de O Tempo flagrar o equipamento em plenas condições de uso, quem usa o serviço garante “sempre dá defeito”. A Prefeitura de Belo Horizonte alega que faz manutenções preventivas e corretivas nos equipamentos, contudo, justificou que muitos dos danos são ocasionados por vândalos. Só neste ano, foram 50 ocorrências de vandalismo, em todas as estações, e, até o dia 31 de maio, seis pessoas foram conduzidas suspeitas de praticarem os atos.
A aposentada Raílda Miranda da Silva, 66 anos, anda com auxílio de uma bengala e afirma que descer ou subir escadas fixas não é tarefa fácil. Quando coincide do elevador e da escada rolante não funcionarem no mesmo dia, transitar pelo terminal torna-se um tormento. “Fica difícil. Muito difícil! Eu tenho problema na perna. Se tem defeito na escada, a minha alternativa é ar lá por baixo, mas eles não deixam ar”, diz. ar por baixo significa se arriscar entre os corredores de ônibus, atravessando de uma plataforma a outra, mas a opção é coibida pelos agentes do terminal.
Na São Gabriel (que é uma das sete estações de integração da cidade), segundo a Superintendência de Mobilidade Urbana (Sumob) circulam, diariamente, 58.656 ageiros, e a Raílda é só mais uma das tantas pessoas que sofrem com os equipamentos quebrados. Uma campanha de conscientização sobre o bom uso dos equipamentos está ativa em todas as sete estações, além das 37 estações de transferência, contudo, os usuários questionam a justificativa da PBH e pedem mais atenção quanto ao mobiliário urbano.
“Olha, eu nunca presenciei nenhum tipo de vandalismo, até acredito que tenha alguns problemas com isso, mas não acho que seja motivo do trabalho e da estrutura serem tão ruins, do serviço ser tão ruim. Tudo aqui está sempre estragado, sempre, sempre, sempre. O elevador então, nem se fala. A escada rolante tem umas duas semanas que está parada, não funciona. Os ônibus também, um pior que o outro, tudo ruim”, reclama a profissional de moda Júlia Beatriz Santos, de 20 anos, que usa a plataforma todos os dias.
A segurança dos locais é feita por agentes da Sumob, que têm o apoio da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte. A Sumob registrou 29 ocorrências de vandalismo este anos, enquanto a Guarda registrou 21 ocorrências, sendo, sete em Estações de Transferência BRT-MOVE, 13 em Estações de Integração e uma em Estação de Transferência BRT-MOVE Metropolitano.
No ano ado, segundo a Sumob, foram 54 ocorrências. No mesmo período, a Guarda contabilizou 53 casos: 12 em Estações de Transferência BRT-MOVE, 38 em Estações de Integração e três em Estação de Transferência BRT-MOVE Metropolitano. Dez pessoas foram conduzidas por suspeição da prática do crime, em 2024, e seis, pelo mesmo motivo, em 2025.
Problema generalizado
A 7,8 quilômetros dali, na estação Pampulha, na região da Pampulha, nesta quarta-feira (4), todos os equipamentos estavam funcionando, porém, em conversa com usuários, percebe-se que a situação é semelhante a outra estação, como afirma a cozinheira Lilian Nascimento, de 39 anos. “Já vi a escada rolante com defeito várias vezes. É tudo mal cuidado, quebrado, sujo”, diz.
O mesmo afirma o estudante Rafael Dias Ramos, de 19 anos, que usa a estação diariamente.
“A escada rolante da estação, na maioria dos dias, não está funcionando, sempre está parada e eles dão manutenção, ela funciona durante dois, três dias e no próximo já estraga de novo”, afirma. O problema, segundo ele, não se resume aos meios de transporte, escada e elevador, os banheiros públicos também são alvo de maus-tratos. “Sempre estão sujos, quebrados, a situação geralmente é muito precária”, diz.
Tanto a Guarda Civil Municipal, quanto a Sumob afirmaram que realizam diariamente patrulhamento preventivo nas estações de ônibus da capital, a fim de coibir a prática de vandalismo. A reportagem questionou sobre gastos com a manutenção dos equipamentos, mas não obteve retorno sobre.