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Dia Livre de Impostos em BH é melhor do que a Black Friday? Consumidores e lojistas opinam
DLI é oficialmente nesta quinta-feira (29/05), mas algumas lojas estendem período de oferta
Com cerca de 1.500 lojas participantes em Belo Horizonte, o Dia Livre de Impostos (DLI), nesta quinta-feira (29/05), é encarado por alguns consumidores e lojistas como uma data com descontos mais proveitosos do que os da Black Friday.
“Existem impostos muito altos. Neste movimento, pode ser que seja mais barato do que a Black Friday, sim, então o consumidor tem que aproveitar”, pondera o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza e Silva. Em 2024, a expectativa da entidade para a Black Friday era de uma movimentação de R$ 2,08 bilhões na capital. Já para o DLI, não há projeção estimada.
Na data, os lojistas vendem os produtos com o preço que teriam caso os impostos não incidissem sobre eles, como forma de conscientização sobre a carga tributária no Brasil. Por isso, os descontos chegam a até 70%. Confira algumass das ofertas oferecidas no DLI.
Diferentes segmentos e lojas participam da ação, que inclui drogarias como a Araujo e supermercados como o Apoio Mineiro e o Verdemar, que estendem as promoções ao longo do fim de semana. No início desta manhã, um posto de combustíveis também ofereceu gasolina por R$ 3,82 aos 115 primeiros carros e 65 motos no local.
O diretor de operações do supermercado Apoio Mineiro, Epifânio Parreiras, avalia que o DLI, que em 2025 chega à sua 19ª edição, tem ganhado tração, porém, na empresa, a movimentação não chega ao patamar de novembro. “Está caminhando para ser como a Black Friday, mas ainda não é. Buscamos fazer promoções em várias categorias. Escolhemos alguns itens, como vinhos, papel toalha, ovos, sabão em pó e suco”, lista. Na perspectiva dele, as promoções são também um chamariz para o cliente que, atraído pelo preço, compra itens que normalmente não levaria naquele momento ou no dia a dia.
As promoções começariam oficialmente às 10h, e a unidade do supermercado no bairro Horto, na região Leste, preparava-se para um grande volume de clientes. Por volta das 9h30, porém, a movimentação era tranquila.
A dona de casa Mônica Duque, 52, foi às compras sem saber das ofertas e, surpresa com os descontos, comprou cinco garrafas de vinho. “Peguei o que tinha, deixei um de amostra”, brinca. “Não tenho dúvidas de que pagamos impostos demais”.
A costureira Márcia Pereira Rosa, 56, aproveitou as ofertas para comprar cerveja para o aniversário da mãe, no fim de semana, carne e ovos. “Ouvi no rádio sobre o Dia Livre de Impostos. Só comprei porque estava na promoção. Os impostos são muito altos. Tem que procurar onde as coisas estão mais baratas, ou compramos caro e com muito imposto”.
Dermocosméticos são produtos mais desejados em drogaria
Na Drogaria Araujo, são quase 2.000 itens em oferta no Dia Livre de Impostos, de acordo com a superintendente comercial Sandra Mara. “A Black Friday é um período super importante, mas o DLI, pela potência das condições comerciais, de o imposto ser retirado dos produtos, e são percentuais muito altos, é tão importante quanto ela. São descontos maiores”, afirma. Os dermocosméticos, como protetor solar e cremes para o rosto, são alguns dos itens mais buscados na loja durante o DLI.
Com as mãos cheias de pequenos produtos da categoria, a cabeleireira Fernanda dos Santos, 43, brinca que, se não fosse pelo DLI, “não compraria de jeito nenhum”. “Tenho um limite de R$ 200 para gastar, mas acho que já ei. Acho melhor do que a Black Friday. Na Black, não vejo diferença de preço, acho que inventam desconto. Mas, com o imposto zero, eu vejo”, avalia.
A vendedora Juliana Miranda, 36, diz ter esperado a data por dias para reabastecer o estoque de suplementos alimentares. “Comprei essa creatina de uns R$ 60 por R$ 40. Estava faltando em casa”.
Brasileiros trabalham até 29 de maio ‘para pagar impostos’
Considerando o volume de impostos absorvidos pela máquina pública, simbolicamente cada brasileiro trabalhou até este dia 29 de maio só para pagar impostos, compara o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). A entidade também analisa o Índice de Retorno de Bem-Estar à Sociedade (Irbes), que mensura qual é a contrapartida que a população recebe pelo pagamento dos tributos. Entre os 30 países com a maior carga tributária, o Brasil permanece na última posição.
O professor de direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Gabriel Quintanilha enfatiza que um mundo sem impostos seria também um mundo sem o a direitos. “Os tributos são extremamente importantes para a existência do Estado e da própria democracia. Porque é por meio dos tributos que o Estado existe e consegue distribuir à população o mínimo existencial, como saúde, educação, segurança pública. É por meio dos tributos que é possível a manutenção da paz social, do mínimo existencial e da dignidade da pessoa humana. O grande problema é quando efetivamente a arrecadação a a existir não só como um instrumento de manutenção do Estado, mas um instrumento de gastos ruins”, pontua o professor.
Ao mesmo tempo, o senso-comum repete que os brasileiros pagam muitos impostos e têm um baixo retorno por eles. O professor da FGV reforça que há elementos verdadeiros nesse clichê. “No Brasil, arrecada-se como um país de primeiro mundo, mas infelizmente os investimentos públicos são feitos de forma equivocada. Nós temos ainda uma pequena parcela de servidores que recebem salários muitíssimo elevados e gastos mal istrados. É por isso que se tem a perspectiva no país de que se arrecada muito e gasta-se pouco. Perspectiva essa que é verdadeira”.
Até esta quinta-feira, foram pagos R$ 1,6 trilhão em impostos no Brasil e R$ 120 bilhões em Minas Gerais, segundo o Impostômetro, projeto da Associação Comercial de São Paulo que estima diariamente o volume de tributos pagos no país.