SAÚDE MENTAL

Bem-estar no trabalho: qual é o papel do líder?

A escolha e postura do líder fazem são cruciais na qualidade do ambiente corporativo

Por Milena Geovana
Publicado em 31 de maio de 2025 | 06:00

Como a saúde mental pode impactar o ambiente de trabalho? Esse foi um dos principais debates no  “Saúde mental é dever: como as empresas estão transformando e cuidando em prática”. A discussão buscou pensar como o mercado de trabalho vai se adaptar para tratar a saúde mental como uma questão de segurança do trabalho.

A necessidade surge com a atualização da NR-1, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Com ela, as empresas terão também que gerenciar os riscos psicossociais no ambiente de trabalho. Na visão da sócia-diretora da Fidhem Consultoria, Graziela Alves, as lideranças têm um papel essencial para transformar o ambiente de trabalho. 

Como as empresas podem escolher lideranças que façam a diferença no ambiente de trabalho, independentemente da NR-1?

 É preciso olhar para esse líder já na seleção ou na promoção, buscar mapear além das competências técnicas, para saber se ele comunga de valores desse processo de humanização e qual seria o impacto da liderança dele sobre a saúde das pessoas. O excesso de capacitação, de títulos, de diplomas e de bagagem profissional não é suficiente para sanar a ausência, um vazio de habilidades humanas.

Em muitas empresas, é comum promover a pessoa que tem mais tempo (na empresa) ao cargo de liderança. O que fazer neste caso?

É tentador promover exclusivamente pelo tempo de casa, como se fosse um prêmio que a pessoa alcançou pela trajetória. Mas as coisas não devem ser assim. Só que a figura do próprio empresário também impacta. A postura, os valores, a maneira que ele interage com o líder será desdobrada para os próximos níveis. Liderança nenhuma vai conseguir sustentar uma imposição de um empresário que só olha para a performance do negócio.

Como as lideranças podem perceber e abordar trabalhadores que estão fragilizados e precisam de ajuda?

É preciso fazer perguntas corajosas. “Como você se sente aqui?”, “o que eu posso fazer para melhorar a sua experiência?”, “o que é um valor para você?”. Os líderes deveriam ter a coragem de fazer essas perguntas. Sem necessariamente uma promessa de solução. Mas é preciso tentar entender, por trás da matrícula, o que pulsa naquela pessoa e o que ela vive para além dos muros da empresa.

Veja a participação de Graziela Alves no “Saúde Mental é dever: como as empresas estão transformando e cuidando em prática”