Convidado do seminário “Conexões Profissionais: O Futuro do Trabalho entre Gerações”, realizado no dia 20 de maio, no Teatro Feluma, Anderson Sant’Anna, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e pós-doutor pelo Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica da UFRJ, participou do “Saúde mental é dever: como empresas estão transformando cuidado em prática”.

Para o estudioso, as empresas precisam investir no momento da contratação dos profissionais, observando em quais áreas eles se adaptam melhor, a fim de promover o bem-estar mental dos colaboradores. Ele também defende o desenvolvimento de competências naqueles que lideram.

Minientrevista

  • Quais são os principais impactos psíquicos que o ambiente organizacional pode gerar nos trabalhadores?

O primeiro está ligado aos fatores estressores: a carga de trabalho, o volume maior do que o indivíduo é capaz de dar conta, as demandas com prazos muito curtos. Esses pontos podem levar a manifestações de questões patológicas associadas ao estresse. O segundo está relacionado à vulnerabilidade individual. Por exemplo, há pessoas que vão achar que pular de paraquedas é uma experiência cheia de adrenalina, enquanto, para outras, será algo estressante. Nas organizações, é preciso fazer a gestão desses fatores.

  • Na sua atuação como professor, quais temas você considera mais urgentes para formar lideranças mais humanas e conscientes?

Precisamos resgatar o conceito de “o que é liderar?”, mas com foco no presente – uma liderança voltada para a diversidade e a diferença. Não há geração melhor ou pior do que outra. A grande questão é como lidamos com elas e como os gestores conduzem a diversidade. É preciso construir uma ambiência organizacional em que a diversidade se transforme em resultados e desempenho.

  • Quais transformações são necessárias para reumanizar o mundo corporativo?

Essa é uma questão que chega a ser filosófica. Precisamos entender que, nas organizações, o que vai permanecer são as pessoas. O papel do gestor é retornar aos fundamentos, pois nossas relações são humanas. Aquilo que é transacional e operacional, você consegue colocar em um fluxo. O que vai sobrar para fazermos gestão são as relações humanas. Não existe criação nem inovação sem a mobilização da subjetividade.