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Mostra “8 ½ Festa do Cinema Italiano” chega a BH com produção contemporânea
Filmes inéditos e premiados em festivais abordam temáticas urgentes como feminismo, identidade de gênero e opressão religiosa

A Itália da primeira-ministra Giorgia Meloni, ligada à extrema-direita, é também a de Emanuele Crialese, que, com o autobiográfico “A Imensidão”, conta a história de um adolescente que não se reconhece em seu próprio corpo. O filme é uma das dez atrações que integram a 11ª edição da mostra “8 ½ Festa do Cinema Italiano”, que fica em cartaz desta quarta (26) a 3 de julho no Cine Belas Artes, em Belo Horizonte, percorrendo ainda cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Vitória, Salvador, Fortaleza, Maceió, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Niterói e Caxias do Sul.
O longa dirigido por Crialese tem Penélope Cruz como protagonista, a quem o curador do festival, Stefano Savio, dedica poucas e elogiosas palavras: “diva do cinema europeu”, resume. “É um filme político, mas, ao mesmo tempo, muito poético, sobre a dificuldade da personagem para encontrar a sua identidade sexual e uma sociedade que ainda não está preparada para isso”, avalia Stefano, projetando um futuro mais promissor, a despeito do reacionarismo que, atualmente, governa a Itália. Outro destaque da programação é “O Sequestro do Papa”, do consagrado Marco Bellocchio.
Aplaudido em Cannes e vencedor de cinco categorias do prêmio David di Donatello, conhecido como o “Oscar do cinema italiano”, incluindo o de melhor roteiro adaptado, o filme é mais um capítulo da cruzada de Bellocchio contra a Igreja Católica. “É um filme muito impactante! Impressiona como um realizador com mais de 80 anos investe em um cinema com muita ação, que mantém as temáticas fulcrais de sua poética, nesse confronto jamais resolvido com a igreja e contra o abuso de poder”, delineia Stefano, que exalta “Enea”, de Pietro Castellitto, como “um filme de máfia original e inventivo”. “A ideia da seleção foi trazer um apanhado representativo da produção contemporânea italiana”, sustenta o curador, apostando “na variedade de gêneros e das temáticas”, diz.
Feminista e histórico
Se a noção de “qualidade e impacto” serviu de premissa, ando pela comédia, o drama, o suspense e a abordagem histórica, a presença de realizadoras femininas foi outro recorte buscado. “Ainda Temos o Amanhã” marca a estreia de Paola Cortellesi na direção, sucesso de bilheteria que se transformou, logo de cara, em um arrasa-quarteirão na história recente do cinema italiano.
Com “Maria Montessori – Ensinando com Amor”, Léa Todorov joga luz sobre a trajetória real da médica e educadora que, com seu original método de ensino, cumpriu a sua vocação de “revolucionária, completamente à frente de seu tempo”, observa Stefano. Ambos se unem à contestação do filme de Crialese e Penélope Cruz, “à violência do patriarcado”.
“Essas três produções representam os sacrifícios e as batalhas que as mulheres precisam enfrentar nesse contexto de machismo exacerbado que vivenciamos, e a importância do feminino para construir uma sociedade que preze pelos valores da democracia”, analisa Stefano. Convidado de honra deste ano, o diretor Daniele Luchetti exibe na mostra, em primeira mão, o thriller “Segredos”, adaptação para o romance de Domenico Starnone, e descrito como “o mais complexo e maduro filme do realizador”.
“Luchetti tem a capacidade de contar grandes histórias e alcançar um público maior, através de sua relação com a literatura italiana, que é algo que também desejamos”, afirma Stefano, que oferece uma última dica: “Lubo”, filme sobre a repressão a uma comunidade cigana, na Suíça, no ano de 1939, mas que parece aterradoramente atual.
Imigração e Fellini
Enquanto comemora os 150 anos da imigração italiana no Brasil, o Cine Humberto Mauro, em BH, é palco de uma retrospectiva em homenagem ao cineasta Federico Fellini (1920-1993), cujo clássico “8½”, de 1963, inspirou o batismo da “8½ Festa do Cinema Italiano”, que, originalmente, tinha suas sessões iniciadas às 8h30 da noite.
“Fellini serve de guia para todos que gostam de cinema. ‘8 ½’ é o seu filme mais meta-cinematográfico, uma reflexão sobre o autor e a máquina de criar sonhos que é o cinema. Além disso, é um título que não precisa ser traduzido, é um nome, um símbolo e um número ao mesmo tempo”, resume o curador Stefano Savio, para quem o cinema é “uma ferramenta única que consegue mostrar as belezas e as controvérsias da Itália”.
Serviço.
O quê. Mostra “8½ Festa do Cinema Italiano”
Quando. Desta quarta (26), às 21h, a 3 de julho, com sessões às 16h; 18h20; e 20h30
Onde. Cine Belas Artes (rua Gonçalves Dias, 1.581, Lourdes)
Quanto. A partir de R$13 (meia) na bilheteria do cinema ou no site www.festadocinemaitaliano.com.br