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'Sing Sing' é uma história cativante sobre a amizade
Indicado a três Oscar, filme mostra o incrível poder de transformação da arte
“Sing Sing” é baseado num episódio real ocorrido com um grupo de detentos do presídio que leva o nome do filme, em cartaz nos cinemas a partir de amanhã, e que integram programa de reabilitação de realização de peças teatrais. É em meio à essa trupe que encontramos Divine G. E também Clarence Mclin.
Os dois são completamente opostos. Enquanto Divine parece respirar o teatro, numa grande dedicação que o coloca acima dos demais, Clarence é um daqueles presidiários reativos, que carregam na face todo o rancor de uma vida em que deu tudo errado, enfrentando um mundo mau com mais mal.
O choque entre eles é inevitável e dessa relação improvável é que surge uma das mais belas histórias de amizade das telonas nos últimos anos. Sim, o que era comum, especialmente nas décadas de 1970 e 1980, com histórias edificantes sobre a importância da presença do outro, praticamente desapareceu.
Devido ao cenário e ao fato de os amigos virem de realidades socioeconômicas diferentes, é possível criar uma relação com “Um Sonho de Liberdade” (1994). Neste filme, um faz de tudo para fugir e o outro parece acomodado com o que a vida lhe reservou. A amizade é o único alimento diário que possuem.
O desenvolvimento dessa relação, especialmente naquele ambiente, é trabalhado com bastante sensibilidade, a ponto de conseguirmos senti-la, qualidade também evidenciada em “Sing Sing”. A grande diferença é a inversão de papéis entre os protagonistas, apontando outros caminhos.
Clarence vira um exemplo vivo do poder transformador da arte, de como é capaz de injetar forças para quem se achava fora do sistema, resumido a um estereótipo. Já Divine nos mostra como é muito fácil destruir sonhos e esperanças, especialmente quando ainda acreditamos na solidez das instituições.
A mudança de chave não é artificial. O roteiro é muito cuidadoso na maneira de refazer esses mundos, encontrando, ao final, seres humanos que, como todos nós, precisam de carinho e atenção. É disso que o filme de Greg Kwedar trata, sendo plenamente eficiente ao tocar em nossa tecla emotiva, como uma purgação necessária.
E, num caso raro, a emoção se potencializa ao descobrirmos, pelos créditos finais, que parte do elenco conta com pessoas que participaram da história real, o que nos leva a dois aspectos: primeiro, o êxito do programa de reabilitação e, em segundo, o trabalho de direção, que conseguiu equalizar as atuações.
Presente no filme “A Cor Púrpura” e na série “Euphoria”, Colman Domingo tem um desempenho memorável na pele de Divine – e, não por acaso, está entre os indicados ao Oscar. Talvez pela simplicidade de sua proposta, o filme não tenha recebido outras nomeações nas categorias principais. O que seria diferente há 30, 40 anos.