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'Vale Tudo': Por que recontar a história nos dias de hoje?
Clássico da teledramaturgia ganha nova versão, que estreia nesta segunda-feira (31), na Globo
Autora da nova versão de “Vale Tudo”, que estreia nesta segunda-feira (31), na Globo, Manuela Dias conta que, ao receber o convite para o remake do folhetim, não pensou duas vezes e de cara topou adaptar o texto de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères para os dias de hoje. “A questão da honestidade é o assunto principal de ‘Vale Tudo’. É possível ser bem-sucedido sendo honesto? Esse é um tema que permeia toda a novela e que segue atual. E ser honesto é algo atemporal, porque a ética não muda. É uma questão que continua totalmente pertinente e que precisa ser debatida”, comenta a novelista.
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Professora e doutora em história e culturas políticas pela UFMG, Gabriela Galvão corrobora a fala da autora e acrescenta: “A questão central, que é da honestidade, é um fato recorrente. A gente vem de uma série de fatos, principalmente nos últimos 10 anos, de políticos sendo presos acusados de corrupção. É uma discussão que se naquela época era em um nível pensando em empresários, hoje em dia já chegou nas mais altas esferas do poder. Acredito que é uma discussão que tem que ser feita, sim”.
Entretanto, o remake de “Vale Tudo” vem enfrentando críticas nas redes sociais e também no meio artístico. Antonio Fagundes, que na primeira versão deu vida a Ivan, disse, em recente entrevista ao podcast “Novelão”, do jornal “O Globo”, sua opinião sincera sobre a nova versão da trama. “Remake é pra resgatar algo que se perdeu ou melhorar uma coisa que foi mal feita. Nós fizemos o remake de ‘A Viagem’ (1994) porque a versão da Tupi tinha se perdido, gravaram futebol em cima. Agora fazer remake de ‘Vale Tudo’, que funcionou em tudo e está aí, é uma temeridade. É um grande risco”, disse o ator.
Roteirista, professor e pesquisador de teledramaturgia, Reynaldo Maximiano concorda com o ponto de vista de Fagundes. “Eu vejo o remake como uma possibilidade de você recuperar uma coisa que não tem mais. No caso de ‘A Viagem’, de 1945, na época (em que o remake foi feito, em 1994), a gente não tinha o aos vídeos, capítulos, cenas. Hoje nós temos o Banco de Conteúdos Culturais da Cinemateca de São Paulo que trabalhou na recuperação das fitas da TV Tupi. Então hoje você tem alguns capítulos inteiros da novela ‘A Viagem’. Então, se você perdeu uma matriz, se ela não existe mais ou está deteriorada, vale a pena fazer o remake, como é o caso de ‘Pantanal’. Apesar de o SBT ter reprisado ‘Pantanal’, mesmo com a recuperação de algumas imagens, não foi a integralidade, e a matriz está deteriorada”, pontua.
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“Eu acho que ‘Vale Tudo’ rende não um remake, mas um reimagine, uma reimaginação a partir da mesma premissa: vale a pena ser honesto no Brasil? Mas talvez não com os mesmos personagens, mas uma história que deriva da mesma premissa, porque aí você pensa a história a partir de 2025. Você pode ter até alguns personagens da versão original”, analisa Maximiano. “O remake acaba funcionando como uma reimaginação em algum momento, porque você vai ter que atualizar a história”, completa o pesquisador.
Em entrevista recente a O TEMPO, Manuela Dias afirmou que a nova versão de “Vale Tudo” é “novela é feita para todos, atualizada, mas com esse cheiro vintage”. Entre as atualizações no remake, está a trama das personagens Laís e Cecília, que no remake serão interpretadas pelas atrizes Lorena Lima e Maeve Jinkings, que formam um casal na história, mas, em 1988, eram apresentadas como amigas. “Na primeira versão, Cecília, que é irmã do vilão Marco Aurélio, morre, e existe uma discussão sobre a questão da herança”, explica Gabriela Galvão.
“Hoje em dia, herança de casal LGBT não é discussão, porque isso tudo já está hoje assegurado por lei. O Gilberto Braga, em entrevista ao ‘O Globo’ em 2011, fala que criou as personagens exatamente para discutir o direito de herança, pois no final da década de 1980, com a questão do HIV, via muitos amigos gays morrendo e os maridos não tendo direito a herança. Ele fala que quis usar a novela para discutir isso. E ele discute muito bem, inclusive, tanto que ficou uma ideia de que a censura mandou matar a Cecília”, explica ela, ressaltando que, nesse caso, a censura mandava cortar do texto qualquer referência de que elas se amavam. No remake, além de a relação delas não ser segredo para ninguém, Cecília não vai morrer.