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'Lilo & Stitch' é o melhor live action da Disney extraído de suas animações
Longa com estreia nesta quinta-feira resgata os "filmes-família" dos estúdios de Mickey Mouse
"Lilo & Stitch" é o melhor live action produzido a partir das animações da Disney, superando as versões criadas para "O Rei Leão" (2019) e "A Pequena Sereia" (2023). Apesar de não ser um dos desenhos mais famosos dos estúdios de Mickey Mouse, sem ligação com clássicos literários ou ostentar uma princesa na trama, o original carrega muitos elementos que se encaixam melhor numa live action.
O principal deles, como podemos comprovar no longa-metragem que chega nesta quinta-feira nos cinemas, é a característica de filme-família, marca registrada da Disney. Desde quando começou a não se concentrar na animação e lançar produções de "carne e osso", na década de 1950, com "Rob Roy, o Grande Rebelde" e "20 Mil Léguas Submarinas", o estúdio criou um foco em narrativas familiares.
Pode ser história de capa de espada ou ada no futuro, mas há sempre a presença de temas que atingem tanto adultos quanto crianças, especialmente os relacionados ao amor familiar e a valores positivos, com a participação de pais, filhos, avós e tios. Esses laços foram refinados, na década seguinte, em sucessos como "Operação Cupido" (1962) e "Mary Poppins" (1964).
É desse período o filme que mais se aproxima de "Lilo & Stitch": "Se Meu Fusca Falasse" (1969), de Robert Stevenson. A ideia é a mesma: em ambos, um ser não humano, que inesperadamente é acolhido numa "família" em crise. No filme sessentista, o responsável é um carro velho com personalidade própria. Em "Lilo", uma criatura extraterrestre criada em laboratório enviada para o exílio na Terra.
Os dois personagens rejeitados encontram um grupo de humanos em crise, apontam caminhos para a superação dos obstáculos e são perseguidos por quem está interessado nos poderes deles. Como "irmãos" dos protagonistas, o papel deles é servir de estimulador ao reencontro de valores familiares, quanto tudo parecer dizer o contrário.
No caso de "Lilo", encontramos duas irmãs havaianas num momento delicado, após a perda dos pais num acidente. A mais velha, Nani (Sydney Agudong), tem que adiar o sonho de entrar para a faculdade, para cuidar da pequena Lilo (Maia Keahona), observadas de perto por uma assistente social (Tia Carrere, primeira nativa do Havaí a ganhar destaque em Hollywood).
Apesar de não acrescentar nenhuma informação nova ao que vimos no desenho, o filme dá um peso maior ao que acontece a Nani, acompanhando a sua frustração em não conseguir substituir o papel dos pais na criação de Lilo. Muitas das cenas de humor vêm dessa percepção de impotência, com o anárquico Stitch inicialmente só antecipando a possibilidade de Lilo ir para outro lar.
Com uma ótima atuação de Sydney, que faz aqui o papel de sua vida e que lhe abrirá muitas portas, Nani é o equivalente do piloto azarado Jim Douglas, que não consegue ganhar uma prova sequer. Ele mora numa casa de bombeiros em ruínas, ao lado do parceiro e mecânico Tennessee, que formam essa inusitada família dedicada às corridas de automóveis.
Nos dois casos, o roteiro se desenvolve a partir das manifestações de sentimentos humanos e familiares de um fusquinha e de um ET sem modos. E é impossível não se emocionar com o sacrifício deles para manterem todos juntos, apesar dos obstáculos que a vida oferece. E nem precisou tanto de Elvis Presley (uma referência importante no desenho) para estabelecer com sucesso essas conexões.