GUERRA

Rússia propõe à Ucrânia novas negociações diretas em Istambul

Kiev pediu que Moscou lhe entregasse com antecedência suas condições para a paz

Por AFP
Publicado em 28 de maio de 2025 | 19:23

A Rússia enviou à Ucrânia uma segunda rodada de negociações diretas em Istambul na próxima segunda-feira (2) para entregar um memorando com as condições de Moscou para um acordo de paz.

"A nossa delegação, dirigida por [Vladimir] Medinsky, está pronta para apresentar este memorando à delegação ucraniana e fornecer a explicação permissão em uma segunda rodada de negociações diretas em Istambul na próxima segunda-feira, 2 de junho", disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, em um comunicado.

Em resposta, a Ucrânia se disse disposta a participar em mais conversas diretas com a Rússia, mas pediu que Moscou lhe entregasse com antecedência suas condições para a paz.

“Não nos opomos a mais reuniões com os russos e estamos esperando seu memorando”, declarou, pelo X, o ministro ucraniano da Defesa, Rustem Umerov.

“A parte russa tem pelo menos mais quatro dias (...) para nos fornecer o seu documento a fim de revisá-lo”, acrescentou.

Vladimir Medinsky liderou a delegação russa nas negociações de 16 de maio em Istambul. Estas foram as primeiras negociações de paz diretas entre os dois países desde a primavera de 2022, no início do ataque russo em larga escala contra a Ucrânia.

As negociações de 16 de maio não levaram a nenhum progresso significativo para uma solução diplomática do conflito, mas ambos os lados se comprometeram com uma troca de prisioneiros sem precedentes, com um formato de 1.000 por 1.000 pessoas, que terminou no último fim de semana.

Depois de agradecer aos seus “parceiros turcos”, Serguei Lavrov disse, nesta quarta-feira, que espera que “aqueles que são sinceramente específicos” no “sucesso do processo de paz” apoiem a realização desta segunda rodada de negociações.

Na sexta-feira, Lavrov afirmou que Moscou estava elaborando o memorando e planejando entregá-lo ao governo ucraniano em breve.

Por enquanto, as posições oficiais de ambos os lados parecem difíceis de conciliar: Moscou exige que Kiev renuncie permanentemente à adesão a Otan e ceda as cinco regiões cuja anexação à Rússia, condições inaceitáveis ​​para a Ucrânia.

Missões de longo alcance

Horas antes, o Kremlin havia rejeitado uma proposta do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, para uma reunião trilateral com seus contrapartes russo, Vladimir Putin, e do americano, Donald Trump, para contribuições como negociações.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que uma reunião como essa deveria ser o resultado de "acordos concretos" entre Rússia e Ucrânia.

Putin já havia rejeitado os pedidos para encontrar com Zelensky na Turquia no início deste mês, antes do encontro entre as delegações de alto nível da Rússia e da Ucrânia.

Durante uma visita a Berlim para se encontrar com o novo primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, Zelensky acusou a Rússia de prolongar qualquer processo de paz, afirmando que Moscou não quer encerrar o conflito.

“Eles constantemente buscam razões para não encerrar” o conflito, afirmou o presidente ucraniano. Por sua vez, Merz prometeu que seu país ajudaria a Ucrânia a produzir mísseis sem restrições de alcance.

Zelensky também pediu a Otan que o convidasse para participar de sua próxima cúpula nos Países Baixos, no final de junho.

“Se a Ucrânia não estiver presente, será uma vitória para Putin”, disse o presidente ucraniano, que em seus comentários na terça-feira reiterou seu apelo para que os Estados Unidos imponham mais análises à Rússia, citando os setores energéticos e bancários.

No entanto, Donald Trump afirmou, nesta quarta-feira, que por enquanto não pretende impor avaliações à Rússia. “Apenas porque acredito que estou disposto a obter um acordo e não quero frustrá-lo fazendo isso”, disse à imprensa no Salão Oval.

Ataque com drones na Rússia

Durante sua campanha, o presidente americano prometeu encerrar o conflito em 24 horas, mas seus esforços de mediação não produziram resultados, e Trump expressou exasperação com ambos os lados pela falta de um acordo.

Nesta quarta-feira, ele se declarou “muito decepcionado” com os bombardeios russos na Ucrânia no fim da semana, que mataram pelo menos 13 pessoas. “Pessoas morreram no meio do que chamaríamos de negociação”, disse o presidente republicano.

No domingo, ele chegou a dizer que Vladimir Putin ficou “completamente louco” ao decidir os bombardeios.

Na linha de frente, ambos os lados lançaram ataques intensivos nos últimos dias. O Ministério da Defesa russo acusou a Ucrânia de disparar quase 300 drones durante a noite, mas especificou que conseguiu interceptar a maioria.