O presidente da Rússia, Vladimir Putin, conversou por telefone com o papa Leão XVI nesta quarta-feira (4), a primeira vez que os líderes se falaram desde a eleição do novo pontífice, no dia 8 de maio. Segundo o Kremlin, Putin e Leão conversaram sobre a guerra da Ucrânia.

"Durante a troca de opiniões sobre a situação na Ucrânia, o presidente Putin reiterou seu interesse em atingir a paz por meio da diplomacia e da política, e enfatizou que uma resolução definitiva, justa e ampla da crise requer a eliminação de suas causas", disse Moscou em nota.

O Vaticano afirmou que o pontífice apelou para que a Rússia tome uma medida em apoio à paz e ainda destacou a importância do diálogo para encontrar possíveis soluções para o conflito. O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que o papa se ofereceu para sediar as negociações entre Rússia e Ucrânia na Santa Sé.

"Gratidão foi expressa ao pontífice por sua prontidão em ajudar a resolver a crise, em particular pela participação do Vaticano na resolução de questões humanitárias difíceis de forma despolitizada", disse o comunicado russo.

Putin destacou que "o regime de Kiev está apostando na escalada do conflito e está realizando sabotagens contra instalações de infraestrutura civil em território russo", detalhou o documento, descrevendo esses atos como terrorismo. Nesta terça (3), ataques ucranianos atingiram a ponte da Crimeia, território anexado pela Rússia, e causaram um apagão em outras regiões ocupadas.

O Kremlin reafirmou que as "causas básicas" do conflito devem ser abordadas, uma referência às exigências russas de que a Ucrânia adote um status neutro e que a Otan descarte a expansão para o leste europeu.

A Rússia procura cultivar bons laços com o novo papa e seu antecessor, Francisco, especialmente em questões humanitárias. Por outro lado, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, e outras autoridades disseram que o Vaticano não é um local adequado para negociações de paz entre dois países majoritariamente cristãos ortodoxos.

A nota do Kremlin ainda expressou esperança de que o Vaticano "assuma um papel mais ativo" ao exigir liberdade religiosa na Ucrânia para membros da Igreja Ortodoxa Ucraniana, que tem laços históricos com a Rússia.

Quando o americano Robert Prevost foi eleito pelo conclave e se tornou o novo papa Leão XIV, Putin parabenizou o pontífice, dizendo que esperava "diálogo construtivo com base em valores cristãos". A Rússia é o país com o maior número de ortodoxos do mundo.

No último dia 18, Leão se reuniu pessoalmente com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, após a missa inaugural do papa. Na ocasião, Zelenski agradeceu ao Vaticano "por sua disposição em servir como plataforma de negociações diretas entre a Ucrânia e a Rússia. Estamos prontos para o diálogo".

Desde que foi eleito, o papa citou diversas vezes a Guerra na Ucrânia, com apelos para uma paz justa e duradoura, e colocou o Vaticano à disposição para a mediação entre Kiev e Moscou.