e mais publicações de Editorial O TEMPO

Editorial O TEMPO

Leia os editoriais de O TEMPO diariamente

EDITORIAL

Trabalho escravo persiste em Minas

O contexto de desigualdade social extrema que impera no Brasil facilita o trabalho dos aliciadores, que atuam na cooptação de pessoas vulneráveis

Por Editorial O TEMPO
Publicado em 11 de abril de 2025 | 07:00

Minas Gerais segue liderando a lista de trabalho análogo à escravidão no país, em um grave atentado aos direitos humanos e à própria economia do Estado. A persistência da prática demonstra a ousadia dos empregadores ilícitos e a leniência das leis em coibir o crime. 

O território mineiro é responsável por 159 dos 745 nomes divulgados, correspondendo a 21% do total da lista divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego divulgada ontem. É verdade que os números refletem a eficiência das autoridades em combater a prática no Estado, mas os números não deixam de ser alarmantes.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), conceitua-se como trabalho escravo aquele de caráter degradante, realizado sob ameaças ou coerção, envolvendo o cerceamento da liberdade. O falso patrão usa o trabalhador como se fosse um objeto de sua propriedade.

O contexto de desigualdade social extrema que impera no Brasil facilita o trabalho dos aliciadores, que atuam na cooptação de pessoas vulneráveis socialmente para servirem de mão-de-obra escrava.

O cenário de extrema pobreza acaba camuflando as diferenças sutis entre o subemprego e o trabalho forçado, o que contribui para a perpetuação da prática, principalmente nas comunidades mais afastadas dos grandes centros urbanos. 

A denúncia é fundamental para transpor esse véu que mantém milhares de pessoas reféns. Uma vez denunciados, julgados e condenados, os empregadores ilegais devem sentir o peso das leis. É preciso fazer doer no bolso, no patrimônio de quem adota essa prática para lucrar.

Sem uma punição efetiva, o crime acaba compensando na frieza dos números. Relatório da Organização Internacional do Trabalho revela um aumento de 37% nos lucros ilegais oriundos do trabalho forçado no setor privado desde 2014. 

O investimento em tecnologia e pessoal da área de auditoria fiscal é urgente. O Estado deve estar sempre a um o à frente de quem lucra com o trabalho degradante.