Caso de Gripe aviária liga alerta no mercado
A suspensão de 60 dias pela China pode custar, por baixo, US$ 200 milhões ao Brasil
A confirmação do primeiro caso de gripe aviária em granja comercial no Brasil, nesta sexta-feira (16), põe em risco as conquistas comerciais da recente visita presidencial à China. Pequim anunciou uma suspensão de 60 dias das importações, como confirmou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e outros mercados, como os do Japão e do Oriente Médio, monitoram a situação. E não se pode prever de imediato como o mercado doméstico vai se comportar.
A China é o maior comprador de frango brasileiro. Representa 1,4% das vendas, totalizando US$ 1,29 bilhão em negócios no ano ado. Nos primeiros quatro meses deste ano, foram R$ 455 milhões em receitas. Com isso, a suspensão anunciada pode custar, por baixo, US$ 200 milhões em divisas, se aplicados os dados do Ministério da Agricultura.
Na missão encerrada no dia 13, foram fechados cinco acordos nesse sentido, um deles especificamente para a comercialização de miúdos de frango – um mercado de US$ 155 milhões anuais. E a perspectiva era aumentar ainda mais a presença na mesa dos chineses, aproveitando-se da tensão provocada pelo aumento das tarifas comerciais pelos EUA. Os norte-americanos são o terceiro maior fornecedor de proteína animal aos chineses.
O Brasil abate anualmente cerca de 5 bilhões de aves, e só 35% são exportadas. A cepa identificada é o H1N5 de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade, letal para as aves, mas não transmissível pelo consumo e de baixo risco para humanos, diferentemente do H7N9, que atingiu os Estados Unidos em conjunto com o H1N5 e levou ao abate de 123 milhões de galinhas desde o início do surto em 2022. O resultado foi uma disparada de preços dos ovos, que aram de US$ 2,5 a dúzia, há um ano, para US$ 9,79 (quase R$ 60), no início de 2025.
As autoridades sanitárias precisam ser ágeis para isolar as áreas de risco e precisas na comunicação das ações e na segurança da carne, sob o risco de o país perder ainda mais oportunidades no exterior ou, pior, alimentar uma escalada especulativa de preço para os consumidores brasileiros.