e mais publicações de Iza Lourença

Iza Lourença

Vereadora em Belo Horizonte (PSOL)

IZA LOURENÇA

Um pacotão de propostas que vai fazer BH avançar nos direitos das mulheres

Medidas legislativas para garantir proteção de direitos e à vida

Por Iza Lourença
Publicado em 08 de maio de 2025 | 07:00

É bem verdade que o contexto brasileiro não está nada fácil, diante de tanto retrocesso provocado pelo crescimento da extrema direita e do conservadorismo nas Casas legislativas pelo país afora. Eles estão por todos os lados. Mas é bem verdade também que nós, mulheres negras, periféricas, militantes dos movimentos sociais, parlamentares comprometidas com a transformação da sociedade, estamos presentes em todos os lugares. Onde há um fascista, há sempre uma feminista resistindo e disputando as ideias. 

O Festival Mulheres em Lutas (MEL), organizado pelo Instituto E Se Fosse Você? e liderado por Manuela d’Ávila e Áurea Carolina, que reuniu 2.000 mulheres no mês ado, em São Paulo, mostrou exatamente isto: que somos milhares, diversas e estamos espalhadas em cada canto, mas trabalhando juntas, em sintonia, feito um enxame de abelhas.

Aqui, em Belo Horizonte, inspiradas pelo MEL, vimos que uma das formas concretas de enfrentar a organização da extrema direita é apresentando projetos de lei com o nosso ponto de vista, que podem realmente melhorar a vida da nossa população. Por isso, apresentamos o Pacotão da Mulher Trabalhadora.

Informação e equidade

São dez projetos de lei que buscam aumentar a informação sobre métodos contraceptivos, planejamento familiar, educação sexual e prevenção da gravidez indesejada. Queremos que as mulheres vítimas de violência doméstica e sexual saibam onde podem buscar ajuda, denunciar seus agressores e ter seus direitos garantidos, inclusive o aborto legal. Queremos que os hospitais tenham alas específicas para atendimento das pessoas que estejam em situação de interrupção gestacional, para que elas não compartilhem o mesmo espaço com aquelas que estão parindo.

Também queremos criar o Programa de Cooperação Municipal para a Promoção da Equidade Salarial de Gênero e Raça em Belo Horizonte. Embora estejamos vivendo mudanças no mercado de trabalho brasileiro, segundo o último Relatório de Transparência Salarial, divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em 2024, homens não negros ganham aproximadamente 110% a mais do que as mulheres negras. É urgente termos medidas para corrigir e reparar esse absurdo.

Trabalho e transporte

Tarifa zero e o fim da escala 6x1 também são medidas para as mulheres. Em Belo Horizonte, essa realidade colonial, racista e patriarcal se faz presente na nossa vida. Somos nós, mulheres negras, que ocupamos os postos de trabalho mais precários, temos as piores remunerações e nos desdobramos em duplas e triplas jornadas de trabalho para garantir o sustento das nossas casas e famílias. 

Na nossa escala 6x1, nesse um dia da semana que seria de descanso, nos ocupamos limpando a casa, lavando roupa, fazendo as marmitas da semana e garantindo que as crianças e idosos estejam alimentados e bem cuidados. 

E ainda somos a maioria das usuárias do transporte coletivo. Somos nós, mulheres negras e periféricas, que amos horas em ônibus lotados, sofremos com as más condições do sistema e somos penalizadas ao termos que pagar uma das tarifas mais caras do Brasil. Essa é uma das constatações do Mapa das Desigualdades de Belo Horizonte, estudo realizado, em 2021, pelo Movimento Nossa BH. 

Assim, a luta pela aprovação do nosso Projeto de Lei da Tarifa Zero em BH e pelo fim da escala 6x1 é feminista e antirracista, além de complementarem o nosso Pacotão da Mulher Trabalhadora. São propostas viáveis que podem mudar a vida das mulheres e nos colocar em um patamar mais avançado para disputar o nosso projeto de Brasil. Avancemos, sem deixar ninguém para trás.