O secretário de Governo da Prefeitura de Belo Horizonte, Guilherme Daltro, afirmou que a capital mineira “parou no tempo” ao adotar uma postura de apenas resolver demandas existentes, sem propor novos projetos. A declaração foi feita durante entrevista ao programa Café com Política, exibido no Canal de O TEMPO no Youtube.
Ao comentar as prioridades da gestão do ex-prefeito Fuad Noman (PSD) e de seu sucessor, o atual prefeito Álvaro Damião (União Brasil), o atual secretário de governo, criticou a filosofia do ex-prefeito Alexandre Kalil (sem partido), que constantemente, durante as campanhas eleitorais, costumava dizer que não prometeria nada novo, apenas iria resolver o que já existe.
“Belo Horizonte ficou durante muito tempo com uma filosofia de 'a gente não vai fazer nada, a gente só vai resolver o que tem'. Ao meu ver, uma cidade com o potencial de Belo Horizonte e com nível de endividamento baixo, é muito pouco para o belo-horizontino”, disse o secretário.
Questionado sobre os planos para a capital, Daltro destacou que a atual gestão tem como prioridade a realização de obras estruturantes e que, para isso, já aprovou operações de crédito no fim de 2024. “Essa é a tônica da gestão do Fuad e do Álvaro. Se precisar de mais projetos desses, vamos encaminhar para a Câmara”, afirmou.
Outro foco apontado pelo secretário é a captação de recursos por meio de emendas parlamentares. Para isso, Daltro defende a criação de um escritório de representação da Prefeitura em Brasília, com o objetivo de reforçar a articulação junto a deputados federais e ministérios.
“Eu acredito que se a gente tiver um escritório bem estruturado em Brasília, o custo pode ser de R$ 1 milhão por ano, mas se ele trouxer R$ 60 milhões em emendas, vale a pena”, afirmou. Segundo ele, os 53 deputados federais de Minas têm à disposição R$ 90 milhões cada em emendas parlamentares individuais. “Eu tenho feito essa articulação com os deputados federais, com os deputados estaduais, cobrado emendas para Belo Horizonte, porque a gente imagina que isso seja um incremento de receita", pontuou.
O secretário criticou a visão de que Belo Horizonte, por ter recursos próprios e um bom índice de endividamento, não precisaria buscar recursos extras. "O cobertor tem um tamanho só, quem puxa mais é que se cobre. Então, essa interlocução é fundamental. Belo Horizonte durante muito tempo teve uma filosofia de ser uma cidade superavitária, mas foi me ensinado que a gente tem que chorar dando unhada”, disse, ao defender uma postura mais proativa na busca por parcerias e investimentos para a cidade.
Entrevista concedida à jornalista Letícia Fontes