MOSTRANDO A CARA

Damião vai lançar campanha "Cidade do Sim" como marca de governo

Prefeito avalia que Belo Horizonte perde investimentos por falar sempre "não"

Por Leonardo Augusto
Publicado em 30 de maio de 2025 | 06:00

O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União), vai lançar ainda neste semestre a sua primeira campanha publicitária de governo. O tema será Belo Horizonte "Cidade do Sim", e terá como meta dar a "cara" de Damião à istração municipal. O produto inicial será um vídeo, que começa a ser feito nos próximos dias, após definição da empresa que ficará encarregada da produção do material. A licitação para o serviço será encerrada nesta sexta-feira (30 de maio), com a apresentação do vencedor da disputa.

Damião assumiu a prefeitura de Belo Horizonte de forma efetiva em 3 de abril, após a morte, em 26 de março, de Fuad Noman, reeleito para o cargo na eleição do ano ado. Vice, o atual prefeito havia governado interinamente a partir de 5 de janeiro, após pedido de licença médica de Fuad para tratamento de um câncer, do qual não se recuperou.

O lançamento da campanha coincide com um momento em que Damião começa a se desprender de Fuad. O atual prefeito reduziu as citações ao companheiro de chapa nos discursos públicos e já não conta mais no governo com parte do grupo próximo a Fuad, que assumiu o cargo em 29 de março de 2022.

Na última terça-feira (27 de maio), Damião demitiu Paulo Lamac, que era secretário de Relações Institucionais e vinha do governo Fuad. Antes da posse do atual prefeito, Daniel Messias, que era secretário de gabinete do prefeito falecido, pediu demissão. Do chamado "núcleo duro" de Fuad, seguem na prefeitura o secretário-geral Jorge Luiz Schimitt Prym e o procurador-geral Hércules Guerra.

O prefeito já vinha dando pistas sobre o tom que gostaria de dar ao seu governo, o que acabou sintetizado no "Cidade do Sim". Damião avalia que a cidade vem perdendo investimentos para outras cidades. Em entrevista a O Tempo em 30 de abril, o prefeito defendeu, entre outros pontos, a construção de prédios com mais de 50 andares na cidade, como forma de expansão do setor imobiliário na capital, o que necessitaria de alterações no Plano Diretor da cidade, que regula obras no município.

Na mesma entrevista, Damião disse que Belo Horizonte precisava parar de dizer não. "O que eu quero mudar não é só esse ou aquele número, é a forma de pensar, é a filosofia. E qual é a filosofia que o Álvaro quer para Belo Horizonte? Pessoas que querem empreender em Belo Horizonte têm que ser parceiros da prefeitura. A prefeitura tem que ser parceira. A prefeitura tem que parar de dizer não. Eu tenho que perguntar primeiro: 'o que você precisa para empreender na minha cidade'"?

O prefeito, na ocasião, declarou ainda que dizer "sim" dá trabalho. "Precisa mudar. Tirar o bumbum da cadeira, porque falar o 'não' é fácil demais. E o 'sim'? Ah, o 'sim' dá um trabalho. Você vai ter trabalho, porque aí vai ter reuniões segunda-feira, terça-feira, quarta-feira. E o imposto? Eu diminuí o imposto, é para diminuir? Como é que é que reponho? Aí começam as grandes discussões. Então o 'sim' é muito difícil de ser falado", avaliou.

Câmara

Qualquer mudança no Plano Diretor da cidade precisa ar pela Câmara dos Vereadores. Damião começou sua istração em atrito com a Casa, após embate na eleição para a presidência da Casa, ocorrida em 1º de janeiro. O candidato da prefeitura era o vereador Bruno Miranda (PDT), que tinha como rival Juliano Lopes (Podemos), que venceu a disputa.

Ao longo dos meses a relação melhorou e, logo depois de assumir a prefeitura, Damião viajou ao exterior em missão oficial ao Chile e ou o comando da cidade a Lopes. A permanência do prefeito naquele país era por tempo inferior a 15 dias. A Lei Orgânica do município diz que, por esse período, em viagem para fora do Brasil não é necessário que o presidente da Casa assuma.

Ainda assim, como  de boa vizinhança, Damião entregou o governo para Lopes. O gesto se repetirá novamente no mês que vem, com nova viagem de Damião, desta vez para Israel, no período entre 7 e 17 de junho. No Chile, Damião participou de congresso realizado pelo Banco Interamericano (BID). Já a ida a Israel será para reuniões na área de segurança.