A Câmara de Vereadores de Belo Horizonte começou nesta segunda-feira (2 de junho) a quinta sequência do ano de votações de Plenário sem, no entanto, nenhum projeto na pauta para ser analisado pelos parlamentares. As votações de proposições na Casa nesta etapa de tramitação acontecem nos primeiros dez dias úteis de cada mês. A primeira foi em fevereiro, no início do ano legislativo. Apesar da pauta "zerada", 32 textos estão prontos para votação, aguardando decisão do presidente do Poder Legislativo municipal, Juliano Lopes (Podemos), de incluí-los na ordem do dia.

Sem projetos para votar, a sessão foi marcada por um bate-boca entre vereadores apoiadores e adversários do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que teve um primo preso com 30 quilos de maconha em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, na sexta-feira (23 de junho). O parente do deputado, identificado como Glaycon Raniere de Oliveira Fernandes, foi enviado para a penitenciária da cidade, onde permanece.

Entre os 32 projetos prontos para a pauta estão quatro enviados à Casa pela prefeitura e 28 apresentados pelos vereadores. Um dos textos de autoria do Poder Executivo faz uma recomposição financeira do Orçamento de 2025 para viabilizar o pagamento de R$ 40,6 milhões de emendas impositivas apresentadas pelos parlamentares. O ree foi inviabilizado porque a previsão anterior era que esse dinheiro saísse da própria câmara, cujo orçamento, reado pela prefeitura, tem que ser exclusivamente para funcionamento do Poder Legislativo municipal. A previsão é que este texto seja votado na quarta-feira (4 de junho).

A reportagem enviou questionamentos para a presidência da Câmara sobre os motivos pelos quais não houve projetos de lei na pauta desta segunda de Plenário. Não houve retorno. O líder de governo na Casa, Bruno Miranda (PDT), afirma não se tratar de "má vontade" do comando da Casa. "São vários os possíveis motivos, como pedido dos próprios parlamentares para que os textos ainda não sejam votados, para a realização de ajustes", disse o parlamentar.

Pelo lado dos vereadores, entre os textos à espera de votação estão um do vereador Leonardo Ângelo (Cidadania) que institui a Política Municipal de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa. Outro, apresentado pelos vereadores Wanderley Porto (PRD) e Bruno Pedralva (PT), obriga pet shops a garantirem a segurança e o bem estar dos animais, também está à espera de ser incluído na pauta. Na mesma situação está proposição do vereador Arruda (Republicanos), que obriga bares e restaurantes a disponibilizar o gratuito à internet caso trabalhem com cardápios digitais.

Barraco

O bate-boca sobre o primo do deputado Níkolas preso com maconha começou quando o vereador Vile (PL), ao usar a palavra durante a sessão, reclamou de um vídeo sobre a prisão do primo do deputado publicado nas redes sociais pelo também vereador Pedro Rousseff (PT), que estava no Plenário. "Você não tem vergonha na cara?", perguntou Vile. Em seguida, Pablo Almeida (PL), que foi assessor de Nikolas, juntamente com o colega de partido, começaram a atacar o PT, chamando o partido de organização criminosa.

Nesse ponto, o vereador Pedro Patrus (PT) entrou na discussão. "Cuidado com as acusações que vocês estão fazendo", afirmou, fora dos microfones. A sessão desta segunda-feira, a primeira do mês de junho, não teve projetos de lei para serem analisados. A prisão do primo do deputado Nikolas, identificado como Glaycon Raniere de Oliveira Fernandes, ocorreu na sexta-feira (23 de maio).

No fim de semana, o deputado Nikolas foi às redes sociais dizer que não tem envolvimento com o primo preso com maconha. O parlamentar defendeu a prisão para quem cometer delitos. "Pra mim não é uma situação que merece que eu perca meu tempo, até porque não é algo que me envolve. Se qualquer pessoa, seja relacionada a mim de alguma forma ou não, cometer crime, ela tem que pagar por isso. É bem simples", disse Nikolas, em postagem. 

Conforme o deputado, a publicação de reportagens sobre a prisão de seu primo não muda nada para pessoas honestas. "O que eu vejo é mais uma tentativa frustrada de desgastarem minha imagem. E mais uma vez sem sucesso. Sabe o que essa notícia muda pra pessoas honestas? Nada. Agora, talvez mude para alguém que não goste de mim, porque até eles percebem a tentativa de me desgastar a qualquer custo".

Baseadão

A maconha na Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte não foi citada apenas por conta do caso do primo do deputado Níkolas. O parlamentar Wanderley Porto (PRD) usou a palavra para agradecer à prefeitura por, conforme Porto, ter impedido a montagem do "baseadão", a representação gigante de um cigarro com a erva feita pelos participantes da Marcha da Maconha, que foi às ruas da capital no sábado (31 de maio).

O "baseadão" vinha há anos sendo montado no Centro de Referência da Juventude (CRJ), istrado pela prefeitura, que fica na Praça da Estação. Este ano, porém, o município não permitiu a utilização do centro para a montagem do cigarro gigante. A alegação da prefeitura foi que o centro já estava reservado para outras atividades. O baseadão, mesmo assim, foi produzido pelos manifestantes e mostrado na Marcha da Maconha no sábado.