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'Coisa de preto': vereador é acusado de fala racista em sessão na Câmara; ouça
Vereadora Luana Alves (PSOL) acusou o colega Camilo Cristófaro (PSB) de proferir a frase com cunho racista

A vereadora Luana Alves (PSOL) acusou o vereador Camilo Cristófaro (PSB) de proferir uma frase com cunho racista durante sessão da I (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Aplicativos na Câmara Municipal de São Paulo, na manhã desta terça-feira (3).
A reportagem recebeu da assessoria de Luana o trecho do vídeo da sessão no qual é possível ouvir a frase "é coisa de preto, né". A reunião foi interrompida em seguida, após a frase ter sido escutada no sistema de som da Câmara. Depois prosseguiu.
Cristófaro diz que a denúncia não procede. Logo no início da sessão, Luana pediu que equipe técnica da Casa disponibilizasse o áudio.
"Me mostre uma prova. Não existe", escreveu o vereador à reportagem. "Não existe absolutamente nada, 70% dos que me acompanham são afros. E me orgulho deles", completou Cristófaro.
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— O Tempo (@otempo) May 3, 2022
Segundo a assessoria de imprensa da vereadora, Cristófaro usou a expressão "coisa de preto" em uma frase em que falava da sujeira nas calçadas.
"Infelizmente a gente tem o início dessa sessão tumultuada por causa de um áudio, que aparentemente tem a voz do vereador Camilo Cristófaro. Ele pronuncia uma fala extremamente racista", disse a vereadora.
"Eu não queria acreditar que essa fala existiu, mas infelizmente existiu. Conversamos ali atrás, e pedi à secretaria da mesa as notas taquigráficas. Foi acordado que todos são testemunhas de ações posteriores que venham a decorrer dessa fala infeliz do vereador", completou Luana.
Adilson Amadeu (União Brasil), que preside a I dos Aplicativos, solicitou que Cristófaro fosse à Câmara para esclarecer o episódio.
Cristófaro participava de forma virtual da sessão, enquanto Luana compõe a bancada da I dos Aplicativos.
A vereadora Elaine Mineiro (PSOL), que integra bancada coletiva Quilombo Periférico, afirmou que registrará boletim de ocorrência até o final desta terça. Elaine e Luana também dizem que vão registrar queixas à Corregedoria da Câmara.
"A gente estava dando início a sessão, e vazou um áudio do vereador, muito provavelmente Camilo Cristófaro, em que ele fala da calçada e era coisa de preto. Na hora a gente fica surpresa, muito doída, mas não é a primeira vez que isso acontece na Câmara Municipal de São Paulo", disse Luana.
"Nosso mandato vai entrar na Corregedoria para pedir punição a este vereador. A gente não ite fala, comportamento racista e em especial na casa do povo", afirmou Luana.
Até o início desta tarde, a Corregedoria não havia recebido queixa do caso.
Em nota à reportagem, o presidente da Casa, Milton Leite (União Brasil) afirmou que o episódio será apurado pela Corregedoria. "É com uma indignação imensa que lamento mais uma denúncia de episódio racista dentro da Câmara de Vereadores de São Paulo, local democrático, livre e que acolhe a todos", afirmou Leite. "Como negro e presidente da Câmara tenho lutado com todas as forças contra o racismo, crime que insiste em ser cometido dentro de uma Casa de Leis e fora dela também."
Essa não é a primeira vez que Crisófaro se envolve em confusão. Em 2019, ele chamou o vereador Fernando Holiday (DEM) de "macaco de auditório", no plenário da Câmara.
"Gostaria de falar que lamentavelmente o senhor Fernando Holiday usa das redes sociais, que ele é o grande macaco de auditório das redes sociais, que ele usa dando risada dessa Casa, explodindo as redes sociais, porque a população adora ver sangue, maldade, mentira, fake, onde ele acusa os seus colegas de vagabundos", disse Cristófaro, na ocasião.
Em 2017, a então vereadora e atual deputada estadual Isa Penna (PSOL) disse que foi empurrada e agredida por Cristófaro em um dos elevadores do prédio da Câmara Municipal.
De acordo com Isa, o vereador a xingou de "vagabunda", "terrorista", "cocô de galinha" e insinuou ameaças dizendo que ela não deveria ficar surpresa se "tomar uns tapas na rua".
Em seguida, já fora do elevador, Cristófaro se aproximou da colega de plenário e lhe deu "um empurrão de leve", de acordo com Isa. O vereador negou na época e diz que não ofendeu ninguém.
Há também acusações de agressões contra o vereador feitas por um funcionário da Subprefeitura do Ipiranga, que teria levado um soco em julho de 2020, e outra realizada por um assessor do vereador Eduardo Suplicy (PT). No primeiro caso, Cristófaro diz que foi um empurra-empurra e que apenas se defendeu diante do funcionário da subprefeitura. Em relação à queixa do assessor de Suplicy, o vereador afirmou, na ocasião, que a acusação era mentirosa e o funcionário "queria aparecer, queria mídia".
No dia 13 de março, a gestora pública Lucia de Souza Gomes, 47, registrou um boletim de ocorrência no 26º Distrito Policial, no Sacomã, em São Paulo. Ela acusa o vereador Cristófaro de tê-la ofendido verbalmente.
No boletim de ocorrência, ela narra que, ao tentar se aproximar do prefeito Ricardo Nunes (MDB) durante a inauguração de uma obra, o vereador Camilo Cristófaro disse que, se ela queria aparecer, "que fique pelada na revista Playboy" [sic].
A gestora pública, então, teria respondido que "o prefeito era para toda a cidade e não para algumas pessoas". Depois, ainda segundo o relato, ouviu o vereador chama-la de "vagabunda".
Cristófaro nega a versão da mulher e diz que não há provas contra ele.