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Motta acena à oposição ao defender a independência do Legislativo e a imunidade parlamentar

Candidato de Lira à sucessão na Câmara dos Deputados, Motta angariou o apoio de 18 bancadas partidárias, e aliados aguardam vitória com votação recorde

Por Lara Alves
Atualizado em 01 de fevereiro de 2025 | 17:37

BRASÍLIA — Candidato com apoio majoritário das bancadas, Hugo Motta (Republicanos-PB) acenou à oposição durante declaração que antecede a eleição da Câmara dos Deputados neste sábado (1º). Ele defendeu a independência do Legislativo e a imunidade parlamentar. 

“Fortaleceremos institucionalmente a Câmara para manter a autonomia e a independência do Legislativo diante de outros Poderes. Um país equilibrado é construído com a harmonia entre os espaços democráticos. Queremos uma Câmara forte com defesa de prerrogativas e da imunidade parlamentar”, declarou. 

O comentário de Hugo Motta pretende diminuir dissidências, principalmente na bancada do PL. Deputados do partido receberam a orientação de apoiar a candidatura de Motta, entretanto, há perspectiva de que alguns parlamentares optem pela candidatura de Marcel Van Hattem (Novo-RS).

Declarações sobre o enfraquecimento do Legislativo diante do Supremo Tribunal Federal (STF) são recorrentes entre deputados que compõem o grupo — e a promessa de Motta, uma tentativa de conciliação com eles.

Em resposta às críticas à condução de Lira com sessões tardias e ordem do dia publicada a minutos da abertura do plenário, Motta prometeu que garantirá a previsibilidade da pauta, evitando o início tardio de sessões e antecipando temas que entrarão em debate no plenário. 

“Buscaremos discutir temas relevantes com previsibilidade da pauta legislativa. Considero importante a retomada das sessões no começo da tarde, evitando modificações de última hora”, afirmou. A ausência de previsão é uma das principais críticas à gestão de Arthur Lira (PP-AL)

Futuro presidente agradece líder partidário

A candidatura de Motta nasceu de intensa movimentação no xadrez da Câmara dos Deputados e começou com a desistência de Marcos Pereira (Republicanos-SP), o nome que inicialmente concorreria à cadeira de Arthur Lira pelo Republicanos.

A construção de uma candidatura com o apoio de 18 bancadas partidárias, é fruto de uma articulação liderada por Pereira enquanto presidente da legenda; Motta o agradeceu durante a declaração ao plenário neste sábado. “Jamais seria candidato por um projeto pessoal".

Só estou aqui hoje porque o presidente do meu partido, um dos meus mestres políticos, o deputado Marcos Pereira, tomou a decisão mais nobre e mais generosa que um homem público pode tomar”, afirmou. “Ele abriu mão de postular merecidamente e com todas as credenciais a presidência desta Casa”, completou.

Motta também agradeceu os deputados Antonio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União Brasil-BA), que, reticentes, também desistiram das próprias candidaturas em novembro por uma articulação favorável ao Republicanos.

“Amigos de extrema competência e experiência política, à altura de ocupar a Presidência desta Casa. Com altivez e humildade, abriram mão de suas legítimas pretensões para se juntar a nós em torno de uma Câmara unida e fortalecida”, disse.

Virtualmente eleito, Hugo Motta ainda repetiu os agradecimentos que têm feito a Arthur Lira, e a declaração foi aplaudida pelo plenário em um gesto de despedida ao deputado alagoano.

Motta deve ser eleito sem surpresas

A eleição de Hugo Motta é dada como certa na Casa e sem surpresas. A candidatura dele nasceu forte pelo apoio de Lira e pelas costuras que obrigaram Isnaldo Bulhões (MDB- AL), Elmar Nascimento e Antonio Brito a desistirem da disputa.

Sem essas opções, ele se consolidou como único candidato viável e atraiu os apoios de 18 bancadas partidárias. As siglas representam 496 dos 513 deputados — 239 a mais que os 257 votos necessários para elegê-lo.

A manifestação de apoio partidário não significa que Hugo Motta obterá os votos de todos os deputados filiados às siglas porque a votação é secreta. Entretanto, a contagem indica que, com exceção dos dissidentes que contrariarão a orientação do partido, ele será eleito com folga.

Os adversários de Motta no pleito são Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ) — eles pertencem às únicas duas bancadas que não declararam apoio ao líder do Republicanos. Entre seus apoiadores estão:  

  • PL: 93 deputados;  
  • PT: 68 deputados;  
  • União Brasil: 59 deputados;  
  • PP: 50 deputados;  
  • MDB: 44 deputados;  
  • PSD: 44 deputados;  
  • Republicanos: 44 deputados;  
  • PDT: 18 deputados;  
  • PSB: 14 deputados;  
  • Podemos: 14 deputados;  
  • PSDB: 12 deputados;  
  • Avante: 7 deputados;  
  • PCdoB: 7 deputados;  
  • Solidariedade: 6 deputados.  
  • Cidadania: 5 deputados;  
  • PRD: 5 deputados;  
  • PV: 5 deputados;  
  • Rede: 1 deputado.