CÂMARA DOS DEPUTADOS

PL garante Eduardo Bolsonaro para Comissão de Relações Exteriores, e PT aceita derrota

Bancada do PT quis barrar a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro para a presidência da Comissão de Relações Exteriores; governistas item derrota

Por Lara Alves e Lucyenne Landim
Atualizado em 20 de fevereiro de 2025 | 16:41

BRASÍLIA — O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) presidirá a Comissão de Relações Exteriores a partir de março, quando a Câmara instalará os colegiados temáticos. A indicação do filho de Jair Bolsonaro (PL) à comissão é garantida por quadros internos do partido na Câmara dos Deputados e é itida pelo PT, que iniciou uma articulação para impedi-la.

A bancada governista, entretanto, não conseguirá evitar que Eduardo assuma o cargo diante de uma negociação construída pelo PL e que dá à legenda o direito de ser a primeira a definir quais serão seus colegiados em 2025. A derrota já é considerada como certa e irreversível. A estratégia da sigla, que detém a maior bancada da Câmara com 93 deputados, é puxar para si, de cara, a Comissão de Relações Exteriores. Já a Comissão de Saúde, com o maior orçamento, será o outro pedido do PL.

A definição de Eduardo para o colegiado incomoda o PT, que sugeriu, nas articulações com outras bancadas, a indicação de um nome de consenso entre as legendas para a presidência. “É uma comissão muito importante, com um papel muito importante. Não deve ser presidida pelo PL. Se a presidência for para o Eduardo Bolsonaro, ele vai transformar aquilo em uma plataforma de disseminação de ideias da extrema-direita”, afirmou o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ).

O incômodo é acentuado pelo trânsito de Eduardo entre políticos da direita. Representante do pai em encontros internacionais, ele é quem lidera um ataque da oposição nos Estados Unidos à caça de apoio para Jair Bolsonaro (PL) diante das ações que ele enfrenta na Justiça brasileira. 

O PT também recorreu ao argumento de que Eduardo Bolsonaro presidiu a Comissão de Relações Exteriores em 2019, e, portanto, o melhor é que outro parlamentar assumisse o cargo, segundo a bancada governista. Petistas, inclusive, sugeriram que o PL escolhesse outro nome — mas, figuras centrais na articulação política do partido, como o vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), não estão dispostos a ceder.