-
Dino ironiza possível sanção dos EUA a Moraes e diz que ministro pode visitar “Nova Iorque do MA”
-
Moraes manda intimar ex-comandante do Planalto após ausência em depoimento sobre tentativa de golpe
-
Departamento de Justiça dos EUA enviou carta a Moraes alertando sobre bloqueio de perfil em rede
-
Alckmin a mal e é levado para hospital em Brasília
-
Instituto apresenta representação no Conselho de Ética contra senadores após ataques a Marina Silva
Deputados desafiam posição majoritária do PL e assinam PEC da escala 6x1: saiba quem são
Bancada do PL nega ação articulada contra PEC da escala 6X1; parlamentares questionam impacto fiscal da mudança na jornada de trabalho
BRASÍLIA — Principal força de oposição ao Palácio do Planalto no Congresso Nacional, a bancada do Partido Liberal (PL) resistiu em aderir à PEC da deputada Erika Hilton (Psol-SP) que impõe uma redução da jornada de trabalho para 36 horas com a proibição da escala 6X1 — com uma folga no intervalo de seis dias trabalhados.
O partido detém o maior número de deputados da Câmara — 93, e cinco se tornaram signatários da proposição:
- Ícaro de Valmir (PL-SE);
- Fernando Rodolfo (PL-PE);
- Luiz Carlos Motta (PL-SP);
- Roberta Roma (PL-BA);
- Rosângela Reis (PL-MG).
O quinteto refuta a declaração de Erika Hilton, que, durante a apresentação da PEC à Câmara dos Deputados, na terça-feira (25), questionou a possibilidade de abrir diálogo com a bancada de direita.
Enquanto analisava as articulações construídas com partidos do Centrão, como PSD e União Brasil, que aderiram majoritariamente à PEC, a deputada do Psol avaliou que a proposição encontrou “resistência geral” entre políticos do PL.
Nos bastidores, aliados dela também disseram que o partido de Jair Bolsonaro (PL) orientou posição contrária à PEC e ainda pediu que os signatários retirassem suas s.
Internamente, lideranças do PL negam a existência da orientação. Um interlocutor relatou que Bolsonaro, em reunião com a bancada da Câmara em 2024, sugeriu que os parlamentares aderissem à PEC diante do apelo popular em torno da iniciativa e indicou que os deputados também deveriam elaborar propostas dirigidas aos trabalhadores — sugerindo, aliás, um Projeto de Lei para aumentar o salário mínimo.
A recomendação não prosperou. A parcela majoritária da legenda optou por não aderir à PEC. Deputados põem em xeque a viabilidade da proposição, e argumentam que a União não conseguiria arcar com impacto fiscal, prejuízo e reveses. A avaliação é que a PEC, impondo uma jornada 4X3, resultaria na necessidade de mais contratações e poderia onerar os setores.
A análise dos cinco parlamentares signatários da PEC não diverge muito. Eles item que há riscos econômicos com a proposição, mas, avaliam que é hora de debatê-la em uma comissão especial na Câmara dos Deputados, trazendo trabalhadores, empregadores e analistas para a discussão.
“O Parlamento é o espaço legítimo para a discussão de ideias que impactam a sociedade. Todo e qualquer tema que contribua para a melhoria da vida do trabalhador contará com meu apoio”, declarou a deputada Rosângela Reis (PL-MG). “O PL concedeu liberdade à sua bancada para decidir sobre a da PEC conforme a convicção de cada parlamentar”, completou.
Fernando Rodolfo (PL-PE) concorda. Ele avalia, porém, que os termos atuais da PEC precisam ser alterados antes de ir à votação no plenário. “Não podemos colocar os interesses ideológicos à frente dos interesses da sociedade”, disse. “Não concordo com os termos do texto, mas acho que é válido ele tramitar para discutirmos, ouvirmos especialistas. A solução para não sobrecarregar o trabalhador também não pode gerar prejuízo para os empregadores. Só um grande debate pode nos levar a um meio-termo”, completou.
O deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP) disse que mantém um compromisso com os trabalhadores e que é importante iniciar um “debate responsável sobre o tema”. “Este é apenas o começo de uma discussão importante, e meu compromisso é ouvir todos os lados envolvidos para garantir uma proposta equilibrada e justa”, defendeu.
Nos corredores da Câmara dos Deputados, políticos do PL questionam o interesse do Palácio do Planalto em apoiar a PEC. Na terça-feira, o líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), assumiu o compromisso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a tramitação da proposta no Congresso.
A oposição avalia que o governo não quer a aprovação da PEC, mas apoia a redução da jornada como aceno à base eleitoral nesse cenário de queda na aprovação.