BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quarta-feira (19) que “a democracia é um bem inegociável” e que isso “nunca” deve ser esquecido.
A fala foi feita em uma sessão especial na Câmara que homenageou o ex-presidente José Sarney pelos 40 anos de redemocratização. O período, conduzido por Sarney, marcou a volta da democracia com o fim da ditadura militar. Uma sessão semelhante, também com a presença do ex-presidente, foi realizada na terça-feira (18) no Senado.
Além de Sarney, outras autoridades estiveram presentes na sessão. Entre elas, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, e a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
"Ao celebrarmos hoje esses 40 anos, fazemos mais do que lembrar: reafirmamos que o Brasil pertence ao povo, que as instituições e as liberdades individuais são inegociáveis. Que a democracia é o único caminho legítimo para a grandeza da nação. Que não aceitaremos jamais o sequestro de nossas liberdades duramente conquistadas 40 anos atrás”, declarou.
Segundo Motta, “a democracia não é um ponto de chegada e precisa ser renovada diariamente. Aos 35 anos, ele também afirmou ser de uma geração que tem a democracia “como um princípio básico”.
"Se hoje vivemos em uma nação onde a liberdade de votar e ser votado é um direito assegurado, onde a expressão de ideias e pensamentos é livre e onde o poder emana do povo, devemos isso a homens e mulheres que não se acovardaram diante de um dos períodos mais desafiadores deste país", citou, em referência ao regime militar.
Motta também lembrou Tancredo Nevez como alguém “cuja coragem e compromisso com o Brasil pavimentaram o caminho que levou esta nação à terra prometida da liberdade política”. Sobre Sarney, classificou como um “líder” com “sabedoria e determinação inabaláveis” cuja trajetória “se confunde com os alicerces da Nova República”.
“Quando a democracia ainda era um ideal frágil, ele ajudou a construir os fundamentos sobre os quais erguemos o nosso presente. Com sua liderança, foram assegurados direitos civis, fortalecidas as instituições nacionais e garantida a estabilidade política necessária para a elaboração da Constituição de 1988”, disse.
A primeira eleição após a ditadura militar foi em 15 de janeiro de 1985. Na época, o voto foi indireto por meio de um colégio eleitoral. A chapa era comandada por Tancredo Neves e tinha José Sarney como vice-presidente.
Em 15 de março de 1985, porém, Sarney tomou posse como presidente interino. Tancredo, que enfrentava problemas de saúde, estava internado. Ele morreu em 21 de abril daquele ano, quando Sarney assumiu o cargo de forma definitiva para comandar o processo de redemocratização.
Ele ficou no cargo até 15 de março de 1990, quando ou a faixa para Fernando Collor, o primeiro presidente eleito por voto direto após o regime. José Sarney completará 95 anos em 24 de abril.