BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-RS), afirmou que deve decidir até o fim desta quinta-feira (5) sobre a situação do mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP), que teve a prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Pela Constituição, quando um parlamentar tem a prisão decretada pelo Poder Judiciário, cabe à respectiva Casa Legislativa decidir sobre a decisão da Justiça.

“A equipe técnica do jurídico da Câmara está se reunindo para ver quais são as próximas etapas que nós deveremos cumprir acerca da decisão dada pelo STF. E eu quero até o final do dia de hoje trazer qual será a nossa manifestação acerca do assunto", disse Motta, em coletiva após o fórum parlamentar do Brics, em Brasília.

Na última quarta-feira (4), o ministro Alexandre de Moraes, do STF, notificou a Câmara para que suspenda o pagamento do salário de Zambelli, além dos rees de verba ao gabinete da parlamentar.

Já nesta quinta, Zambelli teve seu nome incluído na lista de foragidos internacionais da Interpol. Trata-se do banco de dados de pessoas procuradas pelas polícias dos 196 países-integrantes da Interpol.

A medida atende a um pedido da Polícia Federal (PF) em cumprimento da determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O nome da deputada foi inserido nesta quinta (5) na “difusão vermelha”, banco de dados de pessoas procuradas pelas polícias dos 196 países-integrantes da Interpol. Ela é considerada foragida da Justiça brasileira desde quarta (4), quando Moraes expediu mandado de prisão preventiva.

Zambelli anunciou na terça (3) que deixou o Brasil, após ser condenada a 10 anos de prisão por invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Desde então a parlamentar tem mudado versões sobre a viagem, em especial sobre seu destino.

Na manhã desta quinta, o youtuber e empresário Paulo Figueiredo Filho disse, em rede social, que Zambelli “já está bem e em segurança na Itália”. Na quarta, a parlamentar afirmou estar nos Estados Unidos. Mas, primeiro ela anunciou, em uma live no Youtube, terça, que estava na Europa.

No entanto, no mesmo dia, o marido da deputada afirmou, em entrevista à CNN Brasil, que ambos estavam nos Estados Unidos. Já na noite do mesmo dia, Zambelli disse, também à CNN, que estava na Flórida.

Já Paulo Filho, que é neto de João Figueiredo, o último presidente da ditadura militar – governou o Brasil entre 1979 e 1985 – mora nos EUA e é o principal aliado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na ofensiva contra o STF naquele país.

Paulo Filho é economista e foi comentarista da Jovem Pan. Agora, é influenciador digital e tem um canal no YouTube com cerca de 455 mil inscritos. Ele é apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ex-sócio de Donald Trump. 

Paulo é alvo do inquérito das fake news no STF e foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe, com pedido de prisão preventiva em aberto. Paulo está no chamado núcleo 5 – é o único. Os outros 31 denunciados estão divididos em quatro grupos.