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Ex-diretor da PRF confirma ordem para blitz antes das eleições, mas nega 'direcionamento' político
Djairlon Moura afirmou que as operações foram planejadas entre 21 e 27 de outubro, antes da ida dos eleitores às urnas, em ônibus que iam para o Nordeste
BRASÍLIA - O ex-diretor de operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Djairlon Henrique Moura confirmou, nesta terça-feira (27), que o Ministério da Justiça emitiu ordem para a realização de blitz antes do segundo turno das eleições de 2022, mas negou qualquer orientação de “direcionamento” com objetivos políticos nas medidas.
De acordo com ele, o planejamento era para fiscalizar ônibus que saíam de São Paulo e do Centro-Oeste em direção a Estados do Nordeste para evitar crimes eleitorais, como o transporte irregular de ageiros e de dinheiro. A operação, segundo Djairlon, foi realizada entre 21 e 27 de outubro, dias antes do segundo turno das eleições, feito em 30 de outubro.
“O Fernando, à época diretor, teria solicitado realização de operação antes das eleições nos ônibus saindo de São Paulo e do Centro-Oeste em direção ao Nordeste com possíveis votantes e recursos financeiros, e que já estaria havendo investigação da Polícia Federal nesse sentido”, disse, sobre reunião em que contou não ter participado, mas ter sido narrada a ele.
Ele contou que em mais de 60% dos veículos, a fiscalização “não demorou mais de 15 minutos”. “Foi muito rápido, sugerindo que de fato as fiscalizações foram para verificar as condições do veículo e a documentação do condutor e do veículo”, frisou.
“Nunca houve isso, nenhum pedido de direcionamento [político] nessa reunião ou em outras que participei”, declarou em depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele falou como testemunha do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, na ação penal da suposta trama de Golpe de Estado.
Djairlon completou: “Assim foi feito, fizemos a operação e resolvemos ampliar para todo o Brasil. No meu ponto de vista, isso não tem nenhum direcionamento porque é uma prática comum mediante o transporte de eleitores”.
O ex-diretor contou que, em uma reunião em julho de 2022, Torres pediu um empenho “máximo” e conjunto de “policiamento nas eleições”, com o reforço da PRF em cidades “onde a Polícia Federal (PF) teria dificuldade de chegar mais rapidamente”. “Isso para todo o brasil, não houve um direcionamento para uma região que fosse”, frisou.
Questionado se houve algum “plano insidioso”, ele negou. “Não houve nenhum plano. Pelo contrário, foi solicitado que as instituições apresentassem os seus planos, como é feito. E que se houvesse a necessidade de recursos, que fosse feito. Não houve nenhum plano. Apenas um pedido do ministro [Torres] para que as instituições colocassem o máximo de efetivo nas ruas e ocuem o máximo de municípios para ar o máximo de segurança".
Djarilon também contou não se lembrar de um direcionamento específico de Torres para demonstrar favorecimento a eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e prejudicar o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que venceu as eleições naquele ano. "Do que eu me recordo, não houve. Até porque me chamaria atenção se houvesse algo nesse sentido. Não tenho como assegurar, mas tenho quase certeza porque me chamaria atenção”, declarou.
Em janeiro deste ano, Djairlon foi indiciado pela PF pelo suposto esquema para impedir a chegada às urnas de eleitores no Nordeste, região que dá maioria de votos a Lula, nas eleições de 2022. O caso consta na ação penal do STF sobre a suposta trama golpista.
Depoimentos
Djairlon Henrique Moura deu as declarações em depoimento na ação que apura o suposto plano de golpe de Estado que visava manter Bolsonaro no poder após a derrota em 2022 para Lula.
A Primeira Turma do STF ouviu nesta terça-feira testemunhas de defesa de Anderson Torres, que era o ex-secretário de Segurança do Distrito Federal em 8 de janeiro e havia sido ministro da Justiça no governo Bolsonaro.
Os depoimentos foram prestados ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo na Corte. Entre as outras testemunhas indicadas pela defesa de Torres, estão delegados da Polícia Federal (PF) e ex-integrantes da Secretaria de Segurança Pública do DF, como a coronel Cíntia Queiroz de Castro, subsecretária de Operações Integradas da pasta, responsável operacional pelos protocolos de ações dos órgãos de segurança.
Outros nomes indicados por Torres são os de Alessandro Moretti e Saulo Moura da Cunha, ex-diretores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e os delegados Djairlon Henrique Moura e Leo Garrido de Salles.
Até agora, o STF ouviu testemunhas de acusação indicadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), além de testemunhas de Mauro Cid (ex-ajudante de ordens), Walter Souza Braga Netto (general, vice na chapa de Bolsonaro), Alexandre Ramagem (deputado federal, PL-RJ); Garnier Santos (ex-comandante da Marinha), Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional).
Torres foi preso em 14 de janeiro de 2023, por determinação do ministro Alexandre de Moraes. Quatro meses depois, ele foi solto e, desde então, é monitorado por tornozeleira eletrônica.