BRASÍLIA - Apesar de ter cidadania italiana, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pode não ser acolhida na Itália. Um deputado italiano apresentou nesta quarta-feira (4) um questionamento aos ministros das Relações Exteriores, da Justiça e do Interior da Itália sobre quais medidas urgentes eles pretendem adotar diante da possibilidade de a parlamentar brasileira usar sua cidadania italiana para escapar da Justiça do Brasil.

Angelo Bonelli é líder do Movimento Europa Verde e da Aliança Verde e de Esquerda. O deputado pede também que o país colabore com a Interpol no caso e quer que o governo da Itália respeite o tratado bilateral de extradição firmado com o Brasil em 1989 e ratificado pela Lei nº 144 de 1991.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre Moraes decretou nesta quarta-feira o pedido de prisão preventiva de Zambelli e a inclusão do seu nome na lista de difusão vermelha da Interpol.

No dia 9 de maio, a parlamentar foi condenada pelo STF a 10 anos de prisão pela invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ela também responde a um processo por porte ilegal de arma de fogo por ter perseguido um jornalista armada na véspera das eleições de 2022. Nesse caso, já há maioria no Supremo para condená-la.

A deputada do PL anunciou na terça-feira (3) que fugiu do Brasil e que o destino final é a Itália. Ela afirmou que deixou o país para fazer tratamento médico e que vai se basear na Europa. "Como cidadã italiana, sou intocável na Itália, não há o que ele possa fazer para me extraditar de um país onde eu sou cidadã, então eu estou muito tranquila quanto a isso", disse, em entrevista à CNN.

No documento apresentado ao governo italiano, Bonelli afirma que Zambelli não pode usar a cidadania italiana para se esconder de crimes graves cometidos em seu país. Caso Zambelli realmente entre no país, a decisão sobre a eventual extradição caberá ao Ministério da Justiça e dependerá da interpretação das autoridades italianas sobre a aplicação do tratado de cooperação com o Brasil e, possivelmente, de decisões judiciais locais.