Minas Gerais notificou 83 casos de febre oropouche desde os primeiros diagnósticos no final de maio até esta segunda-feira (15 de julho). Entre as amostras com resultado positivo do laboratório da Fundação Ezequiel Dias (Funed), 78 – 94% – são de pacientes do Vale do Aço. A doença, que tem sintomas parecidos com os da dengue, é nova no Estado, tendo sido registrada pela primeira vez no ano ado. Estudos recentes apontam a possibilidade de transmissão da febre oropouche da gestante para o bebê.
Os dados foram divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) nessa quarta-feira (18 de julho). Conforme a pasta, no Vale do Aço, são 30 casos em Joanésia, 30 casos em Coronel Fabriciano, 15 em Timóteo e três em Ipatinga. Além deles, foi registrado um diagnóstico para febre oropouche em Gonzaga, no Rio Doce, outro em Congonhas, na região Central, e três em Belo Horizonte.
Na capital, no entanto, os pacientes eram residentes de Botuvera, em Santa Catarina. “A Secretaria de Estado de Saúde informa que acompanha a evolução dos casos e conduz a devida investigação epidemiológica, por meio do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais (Cievs-Minas)”, informou a pasta.
Nova recomendação de risco para grávidas
O enfrentamento contra a febre oropouche tomou um novo rumo no Brasil na última semana. O Ministério da Saúde (MS) emitiu um alerta sobre o risco da doença especificamente para mulheres grávidas. Isso porque uma pesquisa do Instituto Evandro Chagas (IEC) detectou a presença do anticorpo da febre oropouche em amostras de um caso de abortamento e outros quatro de microcefalia. A doença pode estar, então, relacionada à condição de malformação do cérebro do bebê, assim como acontece com a zika e a sífilis, por exemplo.
O estudo do IEC analisou amostras de soro e líquor – líquido que protege o cérebro e a medula espinhal – do feto e dos quatro recém-nascidos com microcefalia. Os exames descartaram a relação com outras infecções, como zika, chikungunya e dengue, como era o foco da pesquisa. No entanto, nas amostras, os cientistas detectaram a presença de anticorpos da febre oropouche.
A suspeita foi reforçada pelo fato de não terem sido identificadas nas mães outras possíveis causas de microcefalia, como sífilis. No feto, cuja morte ocorreu com 30 semanas de gestação, foi reconhecido material genético em sangue de cordão umbilical, placenta e diversos órgãos fetais (tecido cerebral, fígado, rins, pulmões, coração e baço). “Essa é uma evidência da ocorrência de transmissão vertical do vírus. Análises laboratoriais e de dados epidemiológicos e clínicos estão sendo realizadas para a conclusão e classificação final desse caso”, informou o MS.
O que diz o Estado sobre o alerta do MS?
A Secretaria de Estado de Saúde afirmou que recebeu a nota técnica do Ministério da Saúde e está realizando os "alinhamentos necessários para a investigação e divulgação no território". "Diante das evidências atuais, a recomendação para as gestantes é evitar o contato com o mosquito e intensificar o uso de repelentes. Os profissionais de saúde devem se atentar para os sinais e sintomas da doenças ou outras arboviroses, acompanhar a evolução da gestante e do feto e preencher a ficha de notificação compulsória", disse.
O que é febre oropouche?
A febre do oropouche é transmitida pelo mosquito Culicoides paraensis, conhecido popularmente como maruim ou mosquito-pólvora. As larvas do mosquito se desenvolvem em locais úmidos, como as florestas tropicais, margens de rios, solos úmidos, buracos em árvores, matéria orgânica e lixo.
Meningite e encefalite são algumas complicações possíveis, principalmente em pacientes imunossuprimidos. O quadro clínico é semelhante ao da dengue e da chikungunya.
Entre os sintomas descritos para a febre oroupuche estão:
- Febre súbita;
- dor de cabeça;
- náuseas;
- diarreia;
- vômitos;
- dor muscular e nas articulações;
- sensibilidade à luz.
Os sintomas costumam durara cerca de uma semana. Contudo, eles podem retornar depois de 7 a 14 dias após o início da manifestação da febre, explica Flávia Cruzeiro, médica do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Minas Gerais (Cievs-MG). “As recidivas ocorrem em até 60% dos casos”, diz.
Orientações para gestantes:
- Evitar áreas onde há muitos insetos (maruins e mosquitos);
- Usar telas de malha fina em portas e janelas;
- Usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplicar repelente nas áreas expostas;
- Manter limpos casa, terrenos e locais de criação de animais;
- Não deixar acumular folhas e frutos que caem no solo das casas, pois é convidativo aos mosquitos;
- Se houver casos confirmados na sua região, siga as orientações das autoridades de saúde locais para reduzir o risco de transmissão.