O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) orientou aliados que organizaram o ato deste domingo (16 de março) no Rio de Janeiro para concentrarem os discursos na defesa da anistia dos participantes dos atos do 8 de janeiro em Brasília, evitando destaque para ataques ao governo Lula. Ainda assim, Bolsonaro não deixou de citar o adversário e gastou aproximadamente 10 dos 38 minutos de seu discurso para falar direta ou indiretamente do rival.
Inicialmente, ainda que sem citar Lula, Bolsonaro abriu o discurso pegando carona em uma declaração machista dada por Lula esta semana durante a posse de Gleisi Hoffmann como ministra das Relações Institucionais. O presidente, na cerimônia, disse que estava colocando uma "mulher bonita" no cargo para ajudar na relação com o Congresso.
Bolsonaro afirmou que declarações sobre mulheres sempre dão polêmica e começou a citar os casos de cinco idosas que participaram dos atos do 8 de janeiro e enfrentam processos judiciais. "Mais que defesa, devemos ter consideração com as mulheres", afirmou o ex-presidente. Em seguida, Bolsonaro voltou ao adversário para uma reclamação recorrente, de que a justiça eleitoral brasileira o impediu de fazer determinadas críticas ao rival na disputa pela presidência que polarizaram em 2022.
"Eu não podia colocar imagem do Lula defendendo o aborto. Eu não podia mostrar imagens do Lula com ditadores do mundo todo. Eu não pude mostrar o Lula no Irã em 2009 defendendo enriquecimento de urânio e dizendo que aquilo era para fins pacíficos", reclamou o ex-presidente, no discurso.
Já no final do discurso, Bolsonaro tentou comparar ministros de seu governo com os do governo Lula, mas apenas citou nomes, sem falar de possíveis qualidades e defeitos. "Quem é melhor, o Tarcísio ou o atual ministro dos Transportes", disse, se referindo ao governador de São Paulo, que estava no caminhão de discursos, e ocupou o cargo durante o governo Bolsonaro. O atual ministro dos Transportes é Renan Filho (MDB).
A decisão do ex-presidente Bolsonaro de pedir aos correligionários para concentrar o ato na defesa da anistia de quem participou do 8 de janeiro chegou a provocar um embate com outras lideranças. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) avaliava que o ideal seria focar a convocação do ato para o Rio também no mote "Fora Lula".