Desde então, as defesas de Bolsonaro e seus aliados vinham contestando a restrição de o ao material, alegando cerceamento do direito à ampla defesa. Também questionavam o vazamento de informações da delação.
Os depoimentos de Mauro Cid deram origem a diversas operações, como: tentativa de golpe de Estado, fraude nos cartões de vacina contra a Covid-19 e venda das joias sauditas.
"Ocorre que, no presente momento processual, uma vez oferecida a denúncia pelo PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA, para garantia do contraditório e da ampla defesa (...), não há mais necessidade da manutenção desse sigilo, devendo ser garantido aos denunciados e aos seus advogados total e amplo o a todos os termos da colaboração premiada", diz Moraes em um trecho do documento.
Questionamentos sobre a delação
Após a homologação de seu acordo de delação premiada em setembro de 2023, o tenente-coronel Mauro Cid enfrentou alegações de descumprimento das cláusulas estabelecidas, incluindo omissões e contradições em seus depoimentos.
Em março de 2024, a revista "Veja" divulgou áudios nos quais Cid afirmava ter sido pressionado pela Polícia Federal (PF). Disse que os investigadores já possuíam uma "narrativa pronta" e buscavam apenas sua confirmação. Ele ainda fez críticas ao ministro Alexandre de Moraes.
Essas revelações resultaram na prisão preventiva dele, sob acusação de descumprimento de medidas cautelares e obstrução de justiça. Ele foi libertado em maio do mesmo ano, sob medidas cautelares, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e restrições de comunicação.
Posteriormente, em novembro de 2024, a PF indicou que o militar havia omitido informações cruciais sobre planos golpistas, o que ameaçou comprometer a validade do acordo. Um desses planos foi identificado, por meio de mensagens recuperadas do celular de Cid, como o "Punhal Verde e Amarelo".
O plano visava ass o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes. Mauro Cid negou qualquer participação ou conhecimento prévio sobre o esquema.
Após uma audiência de três horas conduzida por Alexandre de Moraes, o tenente-coronel prestou esclarecimentos adicionais, que foram considerados suficientes pelo ministro para garantir a manutenção da colaboração premiada. Esse ponto também é questionado pelas defesas.